Acesso a serviços reduzem mortalidade neonatal, aponta estudo

[Rio de Janeiro] – O período neonatal precoce representa cerca de metade dos óbitos em crianças com menos de um ano de idade, e o near miss neonatal (conceito que siginica: “quase morte, sobrevivência a uma complicação grave, ocorrida na gravidez”) é capaz de identificar os fatores para esse número elevado de mortes. Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) demonstrou que o near miss neonatal está relacionado ao acesso aos serviços de saúde para o parto, complicações gestacionais e idade materna avançada.

Os dados da pesquisa referida foram submetidos ao estudo Nascer no Brasil de 2011-2012, que usou uma amostra representativa da população nacional com 15.092 recém-nascidos de mães com 20 a 29 anos de idade e 35 anos ou mais (idade materna avançada). “A idade materna demonstrou estar associada estatisticamente com near miss neonatal em mulheres nulíparas (mulheres que nunca tiveram filhos) e multíparas (mulheres que já tiveram mais de um filho) comparado com mulheres com 20 a 29 anos de idade”.

Por isso, conforme orienta a pesquisa, é importante monitorar e classificar o risco gestacional, controlar as complicações gestacionais durante o atendimento pré-natal e encaminhar essas mulheres corretamente para o atendimento no qual devem ser consideradas as prioridades prioritárias para os serviços de saúde, com o objetivo de reduzir as taxas de mortalidade neonatal e mortalidade. “Além disso, as mulheres que desejam engravidar devem ser avisadas do maior risco de resultados negativos relacionados ao final da gravidez e dos cuidados que podem ser tomados para reduzir esses riscos”.

Um total de 15.092 recém-nascidos foram incluídos neste estudo, sendo 6.219 (41,2%) filhos de nulíparas – 5.703 (37,8%) de mães entre 20 e 29 anos, 516 (3,4%) de mães com 35 anos ou mais; e 8.873 (58,8%) filhos de multíparas – 6.868 (45,5%) eram de mães entre 20 e 29 anos e 2.005 (13,3%) de mães com 35 anos ou mais. “Entre os fatores que compõem o indicador de near miss neonatal, os pesquisadores encontraram maior frequência de uso de CPAP nasal (Continuous Positive Airway Pressure, ou seja, pressão positiva contínua nas vias aéreas),  antibióticos, surfactante, fototerapia e hipoglicemia em recém-nascidos de mulheres em idade materna avançada, independentemente da paridade. Também foi encontrada maior frequência de peso em mulheres nulíparas e idade gestacional menor que 33 semanas em mulheres multíparas, completaram os autores de pesquisa.

Este estudo é valioso, consideram os pesquisadores, pois identifica fatores relacionados ao near miss neonatal, em relação à idade e paridade. Dado que poucas pesquisas foram realizadas sobre o tema, a maioria dos estudos de near miss neonatal concentra-se na determinação dos critérios para esse indicador, e não nos fatores a ele associados. Além disso, este estudo não utiliza apenas critérios pragmáticos, utiliza uma amostra representativa no Brasil e se destaca por aplicar o protocolo proposto pela Organização Mundial da Saúde para a composição do indicador.

É importante lembrar que reduzir a mortalidade na infância e melhorar a saúde materna são dois dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pela comunidade internacional para promover o desenvolvimento em todo o mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 10,5 milhões de crianças com menos de 5 anos morrem a cada ano em todo o mundo. A maioria absoluta dessas mortes é evitável e ocorre em países em desenvolvimento. “Trinta e oito por cento dos óbitos de bebês ocorre durante o período neonatal, e três milhões de óbitos acontecem na primeira semana de vida. Portanto, prematuridade e asfixia perinatal, as principais causas de óbitos neonatais precoces, devem ser focalizadas para se reduzir a mortalidade infantil”, aponta a ONU.

O artigo Idade materna avançada e fatores associados ou falta de neonatal em mulheres nulíparas e multíparas é de autoria dos pesquisadores Katrini Guidolini Martinelli, Silvana Granado Nogueira da Gama, André Henrique do Vale de Almeida, Vanessa Eufrauzino Pacheco e Edson Theodoro dos Santos Neto. Foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública de dezembro de 2019.

Fonte: Ensp/Fiocruz

 

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