Beber aos fins de semana pode indicar consumo compulsivo de álcool, diz estudo

Você se considera alguém que consome álcool no grau leve a moderado, tomando um coquetel ocasional ou uma taça de vinho no jantar e apenas bebendo alguns copos extras de cerveja em reuniões sociais nos fins de semana.

Pela maioria dos padrões, você estaria certo – porque o consumo de álcool é tipicamente considerado como uma média ao longo da semana.

“Isso faz com que muitas pessoas suponham erroneamente que um nível médio moderado de consumo é seguro, independentemente do padrão”, disse Rudolf Moos, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford.

Moos é o coautor de um estudo recente que descobriu que muitos consumidores moderados de bebidas alcoólicas acima de 30 anos acabam bebendo de maneira compulsiva no fim de semana – definido como cinco ou mais bebidas seguidas em um curto período de tempo.

As pessoas que bebem de maneira compulsiva são cerca de cinco vezes mais propensas a enfrentar vários problemas com álcool, como “se machucar, problemas emocionais ou psicológicos do álcool, ter que usar mais álcool para obter o mesmo efeito e experimentar os efeitos do álcool no trabalho ou escola”, disse outro coautor do estudo, Charles Holahan, professor de psicologia da Universidade do Texas em Austin.

“O que isso significa é que um indivíduo cujo consumo total é de sete bebidas no sábado à noite apresenta um perfil de risco maior do que alguém cujo consumo total é de uma bebida diária no jantar, mesmo que seu nível médio de consumo seja o mesmo”, afirma Holahan.

Consumo compulsivo

A maioria das pesquisas anteriores sobre o consumo excessivo de álcool se concentrou na geração mais jovem, geralmente adolescentes e estudantes universitários. Consumir várias bebidas de uma só vez é comum nesse segmento da população.

Mas as estatísticas mostram que muitos adultos com mais de 30 anos bebem compulsivamente, e o problema está aumentando, especialmente entre mulheres e adultos com mais de 65 anos.

No entanto, os níveis de consumo excessivo de álcool entre os adultos podem escapar do “escrutínio da saúde pública, porque ocorre entre os indivíduos que bebem em um nível moderado”, disse Holahan. “Atualmente, o consumo excessivo de álcool entre os moderados não é detectado em ambientes de cuidados primários”.

As mulheres são especialmente sensíveis aos efeitos do álcool, de acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo dos Estados Unidos (NIAA, na sigla em inglês). Problemas relacionados ao álcool aparecem mais cedo e em níveis mais baixos de consumo do que nos homens, disse o NIAA.

Elas são mais suscetíveis a danos cerebrais e doenças cardíacas relacionadas ao álcool do que os homens, e estudos mostram que as mulheres que tomam uma bebida por dia aumentam o risco de câncer de mama em 5% a 9% em comparação com as mulheres que se abstêm.

Para homens e mulheres com mais de 65 anos, o aumento “é particularmente preocupante porque muitos idosos usam medicamentos que podem interagir com o álcool, têm problemas de saúde que podem ser exacerbados pelo álcool e podem ser mais suscetíveis a lesões relacionadas ao álcool”, afirmou o NIAA.

Whisky / Pexels

Um padrão ‘esquecido’

O novo estudo, publicado no American Journal of Preventative Medicine, usou dados de pesquisa coletados como parte do estudo “Desenvolvimento da Meia-idade nos Estados Unidos”, que acompanha uma amostra nacional de americanos entre 25 e 74 anos desde 1995.

O estudo analisou quase 1.300 pessoas que consomem bebidas alcoólicas ao longo de nove anos e descobriu que a maioria dos casos de consumo excessivo de álcool ocorreu entre indivíduos que bebiam de maneira moderada em média.

“Alguém que bebe de maneira moderada, por exemplo, uma bebida por dia, pode atingir essa média com uma bebida diária no jantar ou sete bebidas no sábado à noite”, disse Holahan.

Embora esse comportamento não leve necessariamente ao alcoolismo, avalia Holahan, o estudo descobriu que beber uma média de mais de um drinque por dia para mulheres e dois drinques por dia para homens – ou cinco ou mais drinques na mesma ocasião – está relacionado aos problemas de álcool nove anos depois.

“Essas descobertas apontam para a necessidade de intervenções de álcool, além de estratégias convencionais focadas na população de maior risco, mas menor, de consumidores habituais de alto nível”, disse Holahan.

Sua bebida é um problema?

Como você sabe se o seu consumo de álcool se tornou um problema? Um sinal revelador é quando a bebida está começando a interferir na sua capacidade de viver sua rotina diária, dizem os especialistas.

“O transtorno é definido como o uso compulsivo de álcool, com consequências negativas do seu uso, como impacto em seus relacionamentos, sua capacidade de funcionar em seu trabalho ou em qualquer função que você tenha em sua comunidade”, disse a Dra. Sarah Wakeman à CNN em uma entrevista anterior.

Seja cauteloso se você continuar bebendo apesar dos impactos negativos em sua saúde física ou mental. E não significa necessariamente ficar doente ou de ressaca, disse à CNN anteriormente a Dra. Leena Mittal, chefe da divisão de saúde mental do departamento de psiquiatria de um hospital em Boston.

“Não se esqueça dos relacionamentos. Você está tendo mais desentendimentos? As pessoas em sua vida estão expressando preocupação ou notando que você está diferente? Esconder sua bebida ou mentir sobre isso também são comportamentos preocupantes”, disse Mittal.

Aqui está um alerta: você está consumindo doses grandes sem perceber. As diretrizes atuais da Associação Americana do Coração recomendam não mais do que duas doses padrão por dia para homens e uma para mulheres e para qualquer pessoa com 65 anos ou mais.

O que é uma dose padrão? São 350ml de cerveja normal, 120ml de vinho regular ou 145ml de licor, de acordo com os padrões dos EUA.

“Ainda assim, as pessoas podem estar servindo uma enorme taça de vinho e não perceber que na verdade são duas ou três doses”, disse Wakeman.

“Sabemos que milhões de americanos bebem acima desses níveis, mesmo em tempos pré-pandemia”, disse Wakeman. “Em 2019, cerca de 66 milhões de americanos tiveram episódios em que beberam mais do que os limites recomendados”.

Fonte e imagem: CNN Brasil

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