Bebês expostos à Covid no útero podem ter mudanças no neurodesenvolvimento

Um estudo preliminar apresentado durante o 30º Congresso Europeu de Psiquiatria, realizado entre os dias 4 e 7 de junho, revelou que bebês expostos à Covid-19 no útero apresentaram diferenças em seu neurodesenvolvimento após as seis primeiras semanas de idade.

Os autores da pesquisa avaliaram dados do projeto espanhol COGESTCOV-19, que comparou bebês nascidos de 21 mulheres que contraíram Covid-19 durante a gravidez com outros 21 nenês de mães saudáveis no Hospital Universitário Marqués de Valdecilla, em Santander, Espanha.

As mães passaram por uma série de exames durante e após a gravidez, incluindo testes hormonais e bioquímicos (medindo níveis de cortisol, resposta imunológica, etc), além de testes salivares, de movimento e sobre questões psicológicas.

Com seis semanas de idade completas, os pesquisadores descobriram que os nascidos de mães infectadas com o coronavírus tinham maiores dificuldades em relaxar e adaptar seus corpos ao serem pegos no colo, quando comparados aos filhos de mulheres não infectadas. Esse desafio ocorria especialmente entre os bebês cuja infecção materna ocorreu no final da gravidez.

Aqueles com mães que tiveram Covid-19 na gravidez também tendiam a ter maior dificuldade em controlar os movimentos da cabeça e dos ombros. Rosa Ayesa Arriola, a líder do projeto, esclarece, porém, que nem todas as crianças nascidas de mães infectadas tinham diferenças no neurodesenvolvimento. “Mas nossos dados mostram que seu risco é maior em comparação com aquelas não expostas à Covid-19 no útero”, ela explica em comunicado.

A pesquisadora diz ainda que a descoberta é vital para entender e prevenir possíveis problemas neurológicos e de saúde mental nos bebês de mães com a doença nos próximos anos. Por outro lado, Águeda Castro Quintas, investigadora envolvida na pesquisa, reitera que os resultados são preliminares.

A expert lembra que as conclusões fazem parte de um projeto mais amplo que segue, ao todo, uma amostra maior de 100 mães e seus filhos. “Também planejamos comparar essas mães e bebês com dados de outro projeto semelhante, que analisa o efeito do estresse e da genética no neurodesenvolvimento de uma criança”, conta a cientista.

A ideia será ver se há efeitos a longo prazo, acompanhando bebês entre 18 e 42 meses. “Precisamos de uma amostra maior para determinar o papel da infecção nas alterações do neurodesenvolvimento da prole e a contribuição de outros fatores ambientais”, afirma a coautora do estudo, Nerea San Martín González. “Entretanto, precisamos enfatizar a importância do acompanhamento médico para facilitar uma gravidez saudável, discutindo quaisquer preocupações com o médico sempre que necessário.”

Fonte: Revista Galileu

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