Casos de Covid aumentam, mas situação epidemiológica é “favorável”, diz médico

No último boletim epidemiológico divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na quinta-feira (26), que levou em conta a o período entre os dias 15 e 21 de maio, quase 48% dos registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram decorrentes da Covid-19. Na semana anterior (8 a 14 de maio), 41,8% dos casos eram decorrentes do coronavírus.

Entre os dias 1º e 7 de maio, o vírus causador da Covid era responsável por 37% dos casos de síndrome respiratória.

Apesar da alta, o infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), diz considerar que esse aumento não é um impacto significativo no combate ao coronavírus, por conta da sazonalidade do vírus somado à flexibilização das medidas de restrição.

“O período de outono-inverno é uma época mais propícia para transmissão de doenças respiratórias. Fora isso, o aumento de casos soma-se à flexibilização das medidas contra a Covid. As pessoas deixaram de usar máscaras, não seguem orientações de distanciamento físico ou higiene das mãos”, afirma.

Segundo o pesquisador, é importante avaliar se esses números subiram de uma maneira significativa e principalmente de uma forma sustentada, ou seja, semana por semana.

“Aí sim acende um alerta, mas o momento do país é mais favorável diante da vacinação da Covid-19”, avaliou.

A Fiocruz já havia sinalizado uma curva de aumento a logo prazo que considera o período de elevação de um mês e meio, bem como o monitoramento a curto prazo –últimas três semanas.

Fiocruz sinaliza aumento nos casos de SRAG nas últimas três semanas/ Reprodução / Fiocruz

A Fiocruz utiliza diferentes critérios para classificar o cenário de risco da SRAG a níveis pré-epidêmico, epidêmico, alto, muito alto e extremamente alto.

Dos 27 estados brasileiros, 18 mostraram crescimento a longo prazo, ou seja, nas seis semanas anteriores, segundo o boletim InfoGripe. São eles: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Nesse sentido, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram indicadores maiores em relação ao resto do país no período analisado.

No levantamento, chamam atenção os municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, que apresentaram na semana avaliada um nível muito alto de casos de SRAG com base na média móvel das últimas três semanas epidemiológicas.

Veja a situação de cada estado:

Nível de casos de SRAG por macroregiões analisados em maio pela Fiocruz / Reprodução / Fiocruz

De acordo com o infectologista, os aumentos de casos nas semanas epidemiológicas podem ocorrer com frequência por diversos motivos.

“Primeiro pelo comportamento epidemiológico do vírus, como a transmissibilidade. Segundo, pela capacidade de alguns laboratórios de processarem exames e, com isso, acabam fornecendo dados bem retroativos. Ou até mesmo dificuldade de informação por algumas Secretarias de Saúde sobre esses dados”, afirmou Reis.

É importante destacar que os casos de SRAG avaliados pela Fiocruz não envolvem apenas o coronavírus, causador da Covid, mas também os vírus da Influenza A e B e vírus sincicial respiratório (VSR).

Cenário epidemiológico

A tendência no aumento de casos, no entanto, é diferente do período que o Brasil enfrentou em 2021 ou mesmo no começo de 2022 com a predominância da variante Ômicron no país.

Para efeito de comparação, a média móvel de infecções que considera os últimos sete dias marcou 22.676 na sexta-feira (27), com 40.633 casos em um dia. Em 3 de fevereiro, quando a Ômicron deixou o país em alerta pela alta disseminação, o indicador marcou 189.526. Na ocasião, foram registrados 298.408 infecções de Covid em 24 horas.

Em relação às mortes, em 1º de abril de 2021 o Brasil registrou 3.769 óbitos por Covid-19 em um único dia. Nesta sexta-feira (27), o país teve 139 vítimas fatais da doença.

“À medida que a vacinação foi avançando, vimos que os casos de Covid foram diminuindo de forma significativa. Ou, quando não apresentava eficácia tão significativa para proteger de algumas variantes, como a Ômicron, ela pelo menos evitava que a pessoas evoluíssem para casos graves”, lembra Reis.

A Fiocruz alertou para estagnação do crescimento da cobertura vacinal entre adultos contra a Covid-19 e a desaceleração da curva de cobertura para a terceira dose contra a doença.

Segundo a fundação, na população acima de 25 anos, a cobertura para o esquema vacinal completo é de 80% no país. No entanto, em relação às faixas etárias, os dados mostram que a terceira dose nos grupos mais jovens segue abaixo da média considerada satisfatória.

“A perspectiva é que as pessoas continuem se vacinando e que os governos municipais e estaduais incentivem a dose de reforço por conta do surgimento de variantes”, disse o infectologista.

Fonte: CNN Brasil

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