Com pandemia, manter profissionais capacitados para nutrição parenteral é fundamental

Entre os inúmeros procedimentos para reabilitar os doentes graves nas unidades de terapia intensiva (UTI), um chama a atenção pelo grau de importância e complexidade. Trata-se da nutrição parenteral, processo usado pela equipe assistencial para alimentar os internados.

“Em geral, quando não existe a condição de usar o tubo digestivo para alimentação, são preparadas soluções administradas diretamente na veia”, explica Leticia Telles, gerente corporativa de Atenção Farmacêutica da Pró-Saúde, uma das maiores entidades filantrópicas de administração hospitalar do país.

A nutrição parenteral é um procedimento vital para a reabilitação do paciente.

Ao contrário do que muita gente pensa, o gasto calórico do paciente na UTI é bem maior se comparado ao corpo em atividade. “Nosso organismo consome muita energia combatendo a doença. É por isso que, normalmente, o paciente acaba perdendo peso muito rápido”, acrescenta Letícia.

Como é injetada direto na veia do paciente, sem filtro, a nutrição por meio parenteral precisa ser 100% livre de qualquer agente externo. Por isso, todo o preparo é feito um ambiente altamente protegido contra bactérias e outros micro-organismos que podem afetar a saúde.

Ela é composta por proteínas, aminoácidos e vários outros nutrientes indicados de acordo com a doença do paciente. Exames clínicos ou laboratoriais apontam se o alimente está alcançando o resultado esperado ou se precisa de ajuste.

Letícia ressalta os benefícios da nutrição parenteral na reabilitação do paciente: “O procedimento tem como objetivo nutrir o paciente crítico, auxiliando na sua melhora clínica, contribuindo para redução de infecções, diminui a necessidade de antibiótico e até mesmo contribui para reduzir a ocorrência de úlcera de pressão, comum em pacientes acamados”.

Nesse processo delicado de assistência ao paciente, o preparo da equipe assistencial é um ponto de enorme atenção.

Um dos efeitos da pandemia — ainda presente nos hospitais — e o chamado turnover, ou seja, a rotatividade de profissionais. “Muitos contraíram Covid, o que reduziu a equipe em experiente. Outros se diziam esgotados e se demitiam. A rotatividade de profissionais que estão na linha de frente ainda é um problema com o qual lidamos diariamente”, observa a gerente.

“Por isso, a promoção de treinamentos de profissionais deve ser algo constante”, reforça.

Foi o que aconteceu com os 50 profissionais da assistência farmacêutica e equipe multiprofissional de terapia nutricional (EMTN), que atuam em hospitais gerenciados pela Pró-Saúde nas cinco regiões do país.

O treinamento, voltado para os profissionais de Farmácia Clínica e equipe de Terapia Nutricional, foi realizado de forma online e contou com a participação de Livia Maria Gonçalves Barbosa, especialista no ramo.

O tema ganha relevância considerando que, em casos graves da Covid-19, os pacientes apresentam maior risco de desnutrição devido ao longo período de internação.

“Na prática, podemos tratar a nutrição parenteral como um medicamento, que demanda habilidade e acompanhamento”, afirma Letícia. Ela acrescenta que o treinamento teve como principal objetivo a reciclagem dos profissionais envolvidos nesse processo, “para garantir a melhor assistência beira leito e a administração correta”.

Diferentemente das refeições comuns, que são produzidas dentro das unidades de saúde, a alimentação parenteral é um insumo fabricado por fornecedores externos, como laboratórios de manipulação de fórmulas parenterais.

“Por ser altamente perecível, é essencial que, a partir da chegada na unidade, todo o manejo e administração no paciente seja correto e eficiente”, destaca a gestora.

Agora, os profissionais que participaram do treinamento vão compartilhar esse conhecimento para os demais membros das equipes.

Jaciana Coelho, supervisora de Farmácia Hospitalar que atua no Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá, destaca que o treinamento contribui para a segurança dos pacientes que necessitam desse tipo de dieta.

“A capacitação possibilitou análise da prescrição, supervisão e preparo. Muitos usuários necessitam desse tipo de alimentação, por isso é fundamental que estejamos preparados para ajudar na assistência segura aos pacientes”, comenta a Jaciana.

Fonte: portalhospitaisbrasil

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