Como saber se uma criança ou adolescente pode sofrer de pressão alta

Doença silenciosa, a hipertensão tem afetado cada vez mais os mais jovens, incluindo crianças e adolescentes. Embora seja um agravo associado ao envelhecimento, a pressão alta pode atingir pessoas de todas as idades, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estima-se que a prevalência de hipertensos na população pediátrica varia de 3 a 15%, de acordo com o Ministério da Saúde. O diagnóstico preliminar pode ser feito pelo pediatra através do método simples de aferição da pressão arterial em consultas de rotina.

Nesta quarta-feira (17), Dia Mundial da Hipertensão, especialistas destacam que obesidade, histórico familiar, estresse e envelhecimento estão associados ao desenvolvimento do problema de saúde.

Nesse contexto, a prevenção inclui a adoção de hábitos saudáveis de alimentação e exercícios físicos. Reduzir a quantidade de sal nos alimentos e consumir diariamente frutas, legumes e hortaliças, eliminando do cardápio alimentos chamados de ultraprocessados, como embutidos, pode ajudar na prevenção.

O médico Carlos Cesar Assef, do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), afirma que crianças podem nascer com a hipertensão.

“Normalmente relaciona-se com malformações congênitas renais ou cardíacas. Os bebês de muito baixo peso ao nascer, prematuros ou que permaneceram internados em UTI neonatal por tempo prolongado têm fatores de risco aumentados para o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica na infância, devido ao uso de cateteres de veia umbilical, ventilação mecânica e oxigenioterapia”, detalha Assef, em comunicado.

Segundo o especialista, a pressão alta tende a ser assintomática em crianças e adolescentes. Quando presentes, os sintomas podem ser inespecíficos como dor de cabeça, irritabilidade e alterações do sono.

“Alterações nefro-urológicas como a hematúria, coloração avermelhada da urina, e edema, ou inchaço, ou alterações cardíacas, como dor torácica, falta de ar ou palpitações, também devem chamar atenção dos pais”, orienta.

Crianças com idade igual ou superior a três anos de idade devem ter aferida a pressão arterial durante a consulta pediátrica de rotina. Abaixo dos três anos de idade, a aferição deve ser feita apenas quando as crianças apresentarem história de prematuridade, baixo peso ao nascer, internação prolongada em unidade de terapia intensiva neonatal, anemia falciforme, malformações congênitas renais, cardíacas ou neurológicas, câncer, transplantes e uso prolongado de corticosteróides.

“Acima dos seis anos de idade, fatores como obesidade, nutrição e hipertensão familiar tornam-se relevantes, ganhando expressão casuística, caracterizando o que chamamos de hipertensão arterial primária ou essencial”, diz o especialista.

O tratamento depende da origem da doença e de condições prévias de saúde da criança ou do adolescente. No caso da hipertensão primária, o tratamento inicial envolve a mudança de hábitos alimentares nocivos, como diminuição de alimentos ricos em condimentos, gorduras saturadas, açúcares refinados e carne vermelha, e o estímulo à prática de atividade física.

“Na hipertensão secundária, atribuída a outras doenças primárias, o tratamento da causa de base se faz essencial. O uso de medicamentos costuma ser mais precoce para o devido controle dos níveis pressóricos. A monoterapia, ou seja, o tratamento com um único remédio, é indicada, procurando otimizar a dosagem máxima de um medicamento antes da associação com outros medicamentos”, explica Assef.

Rara na infância, a crise hipertensiva consiste na elevação súbita da pressão arterial, que coloca em risco órgãos como o coração, rins e o cérebro. Nesses casos, o paciente deve ser encaminhado para atendimento hospitalar, onde poderá ser internado e receber medicação na veia e monitoramento contínuo.

Fonte: Lucas Rocha, CNN

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