Dieta restritiva pode levar a ataque cardíaco e AVC; entenda como cortar alimentos pode até parar o coração

Ter uma dieta saudável é um dos principais pilares para manter o coração em dia e evitar doenças cardiovasculares. Mas existe um cardápio ideal para que o coração funcione bem? Segundo especialistas, o segredo é sempre obedecer a cadeia alimentar, sem muitas restrições ou excessos.

“A dieta perfeita é a que obedece toda a cadeia alimentar. Tudo em excesso não é bom. A dieta boa para o coração é rica em nutrientes, proteínas, legumes, sais minerais. Se você diminui o consumo, você não recebe os eletrólitos suficientes, o que pode aumentar a chance de arritmia, por exemplo”, explica Juliana Gil, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês.

Um estudo publicado na Journal of the American College of Cardiology, em 2019, alertou para os efeitos do baixo consumo de carboidratos no coração. Segundo os pesquisadores, essa restrição pode elevar o risco de fibrilação arterial, uma alteração nos batimentos cardíacos que pode gerar desmaio, parada cardíaca e AVC.

A cardiologista explica que, antes de começar uma dieta, é preciso entender qual o tipo de restrição e se ela é indicada para o seu perfil. Também é preciso fazer um acompanhamento com o especialista. Não devemos pegar cardápios na internet e colocar em prática, sem os ajustes necessários.

“Cada dieta tem seus benefícios. Quando você vai começar uma dieta mais restritiva, é preciso levar em consideração se você tem comorbidade, se tem algum problema de saúde, se ela não vai piorar a sua condição. Uma dieta em que você fica muito tempo sem comer, por exemplo, pode piorar o controle de glicose, pode levar a uma hipoglicemia. A low carb pode aumentar o estresse oxidativo e desencadear algumas doenças”, alerta.

O baixo consumo de carboidrato

 

O carboidrato é responsável pela formação do músculo. É ele quem ajuda a fazer a formação da estrutura corporal. Tanto o excesso como a falta dele podem trazer riscos para o coração.

“Carboidrato vira açúcar. O excesso dele também aumenta a chance de obesidade. Por isso, devemos apostar no equilíbrio e em uma dieta rica em nutrientes. Se você não recebe os eletrólitos suficientes, isso aumenta a chance de arritmia, aumento da pressão“, diz Juliana Gil.

 

Quando restringimos o carboidrato, também estamos diminuindo a quantidade de fibras na dieta. Encontradas em pães integrais, cereais e massas integrais, bem como em nozes, frutas e legumes, as fibras reduzem significativamente o risco de doenças cardíacas.

“Existem algumas dietas com baixo teor de carboidrato que acabam restringindo o consumo de frutas, legumes e verduras. Nesse tipo de dieta, o consumo de fibras é muito baixo. Isso pode ser ruim, porque as fibras são importantes para evitar o excesso do colesterol na nossa corrente sanguínea, e até evitar o excesso de glicemia. A gente deixa de ter essa proteção”, explica a nutricionista Lara Natacci, mestre e doutora em nutrição pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Quando tiramos frutas, legumes e verduras da nossa dieta, também deixamos de consumir os compostos bioativos, que promovem uma ação antioxidante e antiinflamatória. “Sabemos que muitas doenças cardiovasculares estão ligadas à inflamação. Tiramos esses compostos que têm atividade protetora na saúde cardiovascular“, completa a nutricionista.

Natacci explica que é fazer uma dieta com menos carboidrato é interessante para quem consome muito. Mas isso precisa ser feito com orientação.

“A mediterrânea é uma boa dieta, tem 40% de carboidrato. Dá para diminuir carboidrato, melhorar o tipo de carboidrato, mas não é legal ficar abaixo dessa porcentagem. Vai diminuir? Tudo bem. Mas continue consumindo frutas, legumes e verduras, coma cereais integrais, use o carboidrato que tenha fibras“, diz a nutricionista.

Efeito sanfona

 

Quando fazemos dietas muito restritivas, um dos problemas pode ser o efeito sanfona. Você segue o cardápio e emagrece, mas não consegue sustentar essa rotina restritiva por muito tempo. O resultado? Voltar ao peso que estava antes (ou até mais).

O processo constante de emagrece-engorda tem um impacto negativo no coração e pode provocar diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e alteração do metabolismo, mesmo para quem não está acima do peso.

 

“A gente não consegue sustentar essas dietas por muito tempo. Se você faz uma restrição severa, tira o carboidrato e depois volta comendo uma quantidade maior, isso é ainda pior. Oscilar o peso é muito ruim para a nossa circulação“, diz Lara Natacci.

Juliana Gil lembra que perder peso é sempre benéfico, mas é preciso ficar atento ao engorda-emagrece.

“Melhora a pressão, o controle da glicose, pode melhorar o colesterol. O emagrecer é sempre bom. Mas se você toma alguma medicação, por exemplo, você precisa fazer o ajuste para a ‘versão magra’. Se você engordar, a pressão sobe e você não percebe (e também não fez o ajuste). Se você toma alguma medicação, vc tem que fazer ajuste da medicação”.

Fonte: G1

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