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Síndrome da pessoa rígida: o que é a doença que afeta Céline Dion

A cantora canadense Céline Dion, conhecida pela música My Heart Will Go On, faixa romântica do filme Titanic (1998), revelou em vídeo publicado em seu perfil no Instagram nesta quinta-feira (8) que foi diagnosticada com a síndrome de stiff-person, ou síndrome da pessoa rígida.

Por causa da doença, Dion cancelou oito dos seus shows programados para 2023 e alguns previstos para 2024. “Venho lidando com problemas de saúde há muito tempo, e tem sido muito difícil para mim enfrentar esses desafios e falar sobre tudo o que tenho passado. Me dói dizer que não estarei pronta para reiniciar minha turnê na Europa em fevereiro”, diz a cantora, na legenda do vídeo.

Em duas gravações, realizadas em inglês e francês, a artista de 54 anos de idade se desculpa por demorar para contar ao público. Dion revela que a enfermidade é responsável pelos espasmos que ela vinha sofrendo.

“Infelizmente, esses espasmos afetam todos os aspectos da minha vida diária”, lamenta a canadense. “Às vezes causam dificuldades para eu andar e não me permitem usar minhas cordas vocais para cantar do jeito que eu estou acostumada a cantar”. A seguir, saiba mais sobre a rara condição.

Sintomas

 

A síndrome da pessoa rígida é um distúrbio neurológico raro com características de uma doença autoimune e atinge em torno de uma a cada 1 milhão de pessoas. De acordo com o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Infarto dos Estados Unidos (NIH), a condição afeta duas vezes mais mulheres do que homens.

O distúrbio tem como principais sintomas a rigidez muscular no tronco e membros, além de uma sensibilidade aumentada a estímulos como ruído, toque e estresse emocional, que podem desencadear espasmos musculares involuntários. Quem sofre da síndrome também pode ter uma postura anormal, encurvada ou enrijecida.

Cantora Céline Dion foi diagnosticada com síndrome da pessoa rígida — Foto: Reprodução/Instagram/@celinedion

Cantora Céline Dion foi diagnosticada com síndrome da pessoa rígida — Foto: Reprodução/Instagram/@celinedion

Assim como descreve Dion, o problema realmente interfere no cotidiano, pois pode incapacitar a pessoa de andar ou se mover, ou até mesmo gerar medo de sair de casa, já que ruídos como o som de uma simples buzina, podem desencadear espasmos e quedas.

Causa misteriosa

 

A condição que afeta Céline Dion foi descrita pela primeira vez na literatura pelos médicos Moersch e Woltman, em 1956. Segundo a organização norte-americana sem fins lucrativos National Organization for Rare Disorders (NORD), a causa exata do distúrbio até hoje é desconhecida.

Porém, algumas pesquisas indicam que a doença pode ser autoimune, ou seja, ocorrer devido às defesas naturais do corpo (por exemplo, anticorpos) que atacam os próprios tecidos.

A maioria dos afetados, inclusive, tem anticorpos contra a descarboxilase do ácido glutâmico (GAD), proteína nas células nervosas inibitórias envolvida na criação do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), que ajuda a controlar o movimento muscular.

Uma hipótese seria que os sintomas da síndrome da pessoa rígida podem surgir quando o sistema imune ataca por engano certas células nervosas que produzem GAD, levando a uma deficiência de GABA no organismo.

Cantora Céline Dion, intérprete do hit 'My Heart Will Go On', em uma de suas performances  — Foto: Wikimedia Commons

Cantora Céline Dion, intérprete do hit ‘My Heart Will Go On’, em uma de suas performances — Foto: Wikimedia Commons

Chegar a um diagnóstico pode ser difícil, mas a identificação tem como base os sintomas característicos, além de níveis elevados de anticorpos anti-GAD. Também podem ser feitos exames de sangue e análise do líquido cefalorraquidiano para confirmar o quadro, conforme artigo publicado pela Escola de Medicina da Universidade Yale, nos EUA.

Tratamento

 

Os sintomas específicos da síndrome requerem uma abordagem multifacetada. A NORD cita que podem ser adotadas intervenções não medicamentosas, que incluem alongamento, terapia de calor, terapia aquática, massagem e acupuntura.

Mas drogas para tratar a rigidez muscular e espasmos episódicos também podem ser utilizadas. Outros medicamentos relatados como benéficos em um pequeno número de pacientes são anticonvulsivantes.

No caso de Dion, ela contou estar trabalhando duro com um terapeuta de medicina esportiva todos os dias para recuperar sua força e capacidade de desempenho muscular. “Eu sempre dou 100% quando faço meu show, mas minha condição não me permite dar isso agora”, lamentou a cantora, emocionada.

“Não tenho escolha a não ser me concentrar em minha saúde neste momento. E tenho esperança de estar no caminho da recuperação”, disse. “Este é o meu foco e estou fazendo tudo o que posso para me recuperar.”

Fonte: Revista Galileu

Foto: Reprodução/Instagram/@celinedion

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