Especialistas explicam por que os vacinados estão protegidos mesmo sem o reforço

Especialistas em saúde reforçam o ponto de que a vacinação completa continua altamente eficaz contra o desenvolvimento de doença grave e mortes causadas pela Covid-19, já que os diversos países consideram a possibilidade de autorizar uma terceira dose nas próximas semanas.

“Qual é o objetivo desta vacina? O objetivo declarado pela (diretora do CDC Rochelle Walensky) e outros é prevenir infecções graves, e todos os dados hoje, publicados pelo CDC, apresentados pelo CDC, mostram que tem sido feito exatamente isso”, disse Paul Offit, especialista em vacinas e consultor da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, órgão semelhante à Anvisa no Brasil, na sexta-feira (3).

“Não há evidências de uma clara redução da proteção contra doença grave“, disse ele.

A discussão em torno das vacinas tem oscilado porque os especialistas em saúde estão aprendendo novas informações sobre o coronavírus e suas variantes.
Porém, em meio ao debate, os especialistas são consistentes em observar a eficácia das vacinas Covid-19.

“Lembre-se de que mesmo as atuais doses de vacinas ainda protegem você bem da hospitalização e morte. Não voltamos para o início de 2020 ou mesmo o início de 2021 para aqueles de nós que ainda não receberam reforços. Ainda estamos protegidos contra os piores efeitos desse vírus“, disse Megan Ranney, professora de medicina de emergência na Brown University, à CNN na sexta-feira.

Uma análise da CNN dos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos no mês passado sugere que mais de 99,99% das pessoas totalmente vacinadas não tiveram uma infecção disruptiva de Covid-19 (que é quando um indivíduo vacinado adoece pelo mesmo agravo que a vacina pretende prevenir), resultando em hospitalização ou morte.

E é por causa desse alto grau de proteção que Offit enfatizou que os Estados Unidos podem fazer avanços significativos contra a pandemia simplesmente vacinando os não vacinados.

Ele acrescentou que as mensagens do governo federal sobre doses de reforço têm sido confusas e frustrantes. “É confuso para as pessoas. Recebi várias ligações e e-mails de pessoas dizendo: ‘Espere, não estou mais totalmente protegido?’”, disse Offit.

“Acho que a mensagem que deve ser feita agora é que se você recebeu duas doses de vacinas de mRNA [RNA mensageiro, como a da Pfizer], você tem uma chance muito alta de não ter uma infecção grave, e que isso dura até o momento, você deve se considerar protegido contra doença grave”.

Aproximadamente 62,2% da população dos Estados Unidos recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19, enquanto cerca de 52,9% está totalmente imunizada, mostram os dados do CDC. Dos 10 estados com as piores taxas de casos de Covid-19 na semana passada, sete deles também tiveram uma das 10 melhores taxas de vacinação, de acordo com a agência.

Plano para doses de reforço está ‘confundindo as pessoas’, disse um alto funcionário da FDA

A Food and Drug Administration dos Estados Unidos deve se reunir em 17 de setembro para discutir as doses de reforço da Covid-19. No mês passado, a Casa Branca disse que as pessoas que receberam as duas vacinas de mRNA – as vacinas de duas doses feitas pela Pfizer/BioNTech e Moderna – podem receber reforços a partir de 20 de setembro.

No entanto, na quinta-feira (2), a comissária em exercício da FDA, Janet Woodcock, afirmou que o governo ainda não tem dados de segurança suficientes sobre as doses de reforço.

“Por que você anunciaria isso? Bem, precisamos ter um plano e o plano envolveria a vacinação de um grande número de pessoas nos Estados Unidos com uma dose de reforço”, disse Woodcock ao John Whyte da WebMD durante uma entrevista virtual publicada online quinta-feira.

“Temos que fazer um plano antes de termos todos os dados e acho que isso, John, é o que está confundindo as pessoas”, disse Woodcock.

“As tendências que estamos vendo na resistência ao vírus em pessoas totalmente imunizadas nos levam a acreditar que, em algum momento, vamos cruzar esse limiar e veremos hospitalizações e doenças mais graves e, quando isso acontecer, queremos estar prontos”, disse Woodcock a Whyte.

Para ter certeza, os funcionários da Casa Branca anunciaram que o lançamento dos reforços estaria sujeito à luz verde da FDA e à aprovação do CDC. Woodcock disse na quinta-feira que os dados já mostram alguma diminuição da imunidade entre as pessoas vacinadas.

Na sexta-feira, funcionários disseram à CNN que houve conversas dentro da administração Biden sobre a desacelerar o plano de reforços devido a preocupações de que o FDA poderia estar preparado para recomendar as doses apenas para pessoas que receberam a vacina da Pfizer/BioNTech. Atualmente, a agência não tem dados suficientes sobre a Moderna para fazer essa recomendação, disse um funcionário à CNN.

A Pfizer/BioNTech solicitou a aprovação da FDA no mês passado, e a Moderna disse que realizou o procedimento na quarta-feira (1º).

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