Estudo avalia deficiências hormonais nos primeiros anos de vida em crianças com microcefalia

Pesquisadores brasileiros identificam que o atraso no desenvolvimento e crescimento em crianças com microcefalia congênita causada por zika vírus não é uma consequência do hipopituitarismo, condição caracterizada pela deficiência de hormônios na glândula endócrina cerebral chamada hipófise. O resultado foi publicado pela JAMA Network Open no artigo Clinical and Biochemical Features of Hypopituitarism Among Brazilian Children With Zika Virus–Induced Microcephaly.

Entre os anos de 2015 e 2016, o Brasil viveu uma epidemia de zika, o que resultou no aumento do número de microcefalia congênita, que é uma malformação cerebral. “O estudo foi proposto pela constatação de que pacientes com microcefalia causada por zika congênita apresentavam alterações do sistema nervoso central que lembravam alterações de linha média cerebral e, nesta condição, é muito frequente a ocorrência de hipopituitarismo”, explica o professor Sonir Roberto Rauber Antonini, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do artigo.

O trabalho contou com uma coorte (acompanhamento de longo prazo) de 65 pacientes do Hospitais Geral Roberto Santos e Professor Edgard Santos, em Salvador (BA), com atraso no desenvolvimento e crescimento por infecção congênita pelo zika vírus. De acordo com o professor Antonini, as crianças eram e continuarão sendo acompanhadas pelos pediatras e equipe multidisciplinar dos hospitais por tempo indefinido, possivelmente durante toda a vida.

Apesar de os pesquisadores terem descartado o hipopituitarismo nos primeiros anos de vida em crianças, os estudos devem continuar nos próximos anos. “A evolução para hipopituitarismo pode ocorrer anos após o nascimento, por isso a importância da monitorização clínica e laboratorial destes pacientes no longo prazo. É possível também que eles apresentem outras alterações hormonais, como, por exemplo, o desenvolvimento de puberdade precoce”, completa.

O estudo teve a médica pediatra especializada em infectologia Leda Lúcia M. Ferreira como primeira autora e contou com a colaboração do neurorradiologista e professor da FMRP Antonio Carlos dos Santos, além de pesquisadores da Escola Bahiana de Medicina, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal da Bahia e Apae-Salvador.

 

Fonte: Jornal da USP

 

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