Estudo estima que 5% dos adultos no mundo sofram com depressão a cada ano

Segundo estudo publicado na revista científica The Lancet nesta terça-feira (15), estamos passando por uma séria crise global de depressão: 5% dos adultos no mundo sofrem com a doença todos os anos, estima a pesquisa.

Em países de baixa e média renda —  como o Brasil —  pelo menos 80% das pessoas afetadas pela enfermidade não são diagnosticadas ou tratadas. Nas nações mais ricas, a falta de diagnóstico e tratamento compromete quase metade dos que têm a condição, diz o relatório, feito pela Associação Mundial de Psiquiatria sobre Depressão.

A pesquisa cita também outros estudos no Brasil, na China e na Etiópia que mostram um enorme estigma envolvendo o problema de saúde. Pesquisas em São Paulo revelam uma percepção generalizada da doença associada à noção de perigo, enquanto na cidade chinesa de Wuhan o preconceito foi maior entre pessoas mais velhas, homens e desempregados. No município etiopiano de Arba Minch, a estigmatização está ligada à falta de acesso a educação formal.

O documento criado por 25 pesquisadores de 11 países e de várias disciplinas — de saúde pública a neurociência — alerta ainda para a negligência com a qual o mundo lida com a crise global de depressão. A comissão responsável, intitulada “Tempo para uma Ação Unida Sobre a Depressão”, apela por esforços por parte dos governos, trabalhadores da saúde, pessoas e famílias afetadas para ações de conscientização e combate à condição.

“Investir na redução do fardo da depressão dará a milhões de pessoas a chance de se tornarem membros mais saudáveis, felizes e produtivos da sociedade, ajudará a fortalecer as economias nacionais e a avançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2030”, afirma Helen Herrman, presidente do grupo, em comunicado.

O combate à depressão faz parte da meta de boa saúde e bem-estar, o ODS 3. O estudo propõe uma série de propostas para reduzir os fatores de risco à enfermidade, como negligência e trauma na infância, tabagismo, consumo de álcool, inatividade física, violência por parceiros íntimos, luto e crise financeira.

Os pesquisadores apoiam estratégias personalizadas nos tratamentos, que reconheçam a cronologia, intensidade dos sintomas e gravidade do paciente. Entre as intervenções, estão autoajuda, mudanças no estilo de vida, uso de antidepressivos e também tratamentos mais intensivos como terapia eletroconvulsiva (ECT) para as formas graves e refratárias da depressão.

O relatório afirma que, na pior das hipóteses, o quadro depressivo pode levar ao suicídio. Estudos indicam que sofrem de doenças mentais — sendo depressão a mais comum — cerca da metade das pessoas que se matam em países de baixa e média renda. Só nos países mais pobres, a taxa chega a 80%.

“Indiscutivelmente, não há outra condição de saúde que seja tão comum, tão onerosa, tão universal ou tão tratável quanto a depressão, mas que recebe pouca atenção política e recursos”, avalia Christian Kieling, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um dos autores do artigo.

Tratamentos psicossociais e médicos ainda são de difícil acesso, e o estigma impede pessoas de buscarem ajuda, inclusive uma alta proporção de adolescentes e jovens.

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