Estudo sugere ampliar intervalo de 10 anos entre colonoscopias no rastreamento do câncer

A colonoscopia é um exame do cólon (intestino grosso) e do íleo terminal (porção final do intestino delgado). A técnica, que permite a observação de detalhes da superfície da mucosa intestinal, é utilizada no rastreamento do câncer de cólon e reto, também chamado de câncer colorretal ou do intestino.

Recomenda-se que a colonoscopia de rastreamento para prevenir e detectar precocemente o câncer colorretal seja repetida em intervalos de dez anos, o que acompanha altas demandas de capacidades e custos.

Um novo estudo sugere que o intervalo na realização da colonoscopia para o rastreamento do câncer pode ser ampliado para além desse prazo de dez anos. Os resultados foram publicados no periódico científico Jama nesta terça-feira (17).

Importância da colonoscopia

A colonoscopia como método de rastreamento reduz a incidência e a mortalidade de câncer colorretal, a partir da detecção e remoção de lesões pré-cancerosas.

No entanto, a evidência de achados em colonoscopias de triagem realizadas dez anos ou mais após um resultado negativo do exame é escassa. Por isso, a possibilidade de prolongamento nos intervalos entre os exames é alvo de diversas pesquisas.

Um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine, em 2022, sugeriu que os benefícios das colonoscopias para o rastreamento do câncer podem ser superestimados. A pesquisa encontrou apenas benefícios escassos para o grupo de pessoas convidadas a fazer o procedimento: um risco 18% menor de contrair câncer colorretal e nenhuma redução significativa no risco de morte por câncer.

O estudo recente reforça e expande evidências anteriores que mostram que a detecção de câncer colorretal avançado até 10 anos após uma colonoscopia negativa é rara. Os pesquisadores encontraram uma baixa prevalência sustentada de câncer colorretal avançado de aproximadamente 6% a 7% em homens e de 4% a 5% em mulheres, mesmo mais de dez anos após uma colonoscopia negativa.

Destaques do estudo

A análise utilizou como base dados do registro de colonoscopia de triagem alemão. Os pesquisadores avaliaram indicadores entre 2013 e 2019 sobre exames oferecidos à população geral alemã de 55 anos ou mais desde 2002. Segundo o estudo, praticamente todas as colonoscopias de triagem entre indivíduos cobertos pelo Seguro de Saúde Estatutário (aproximadamente 90% dos adultos elegíveis) são relatadas ao registro nacional.

Mais de 120 mil participantes com 65 anos ou mais foram identificados com uma colonoscopia de triagem negativa anterior pelo menos dez anos antes. Os resultados foram comparados com todos os exames de triagem realizados em pessoas de 65 anos ou mais durante o mesmo período (1,25 milhões). Os dados foram analisados no período de março a julho de 2022.

Dos 120.298 participantes, 72.349 (60,1%) eram mulheres. A prevalência de câncer colorretal avançado foi de 3,6% entre mulheres e de 5,2% entre homens dez anos após uma colonoscopia de triagem negativa. Os índices aumentaram gradualmente para 4,9% e 6,6%, respectivamente, entre aqueles que tiveram uma colonoscopia negativa 14 anos ou mais antes, em comparação com 7,1% e 11,6 % entre todas as colonoscopias de triagem.

“Os resultados do estudo fornecem evidências de que, para pacientes assintomáticos com exame inicial negativo, os intervalos de colonoscopia de triagem atualmente recomendados são seguros e sugerem que o sexo e a idade podem orientar a extensão potencial adaptada ao risco dos intervalos de triagem além de 10 anos, especialmente para mulheres e participantes mais jovens”, dizem os autores.

Câncer de intestino

O câncer de intestino, também chamado de colorretal ou do cólon e reto, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus.

Os sinais e sintomas mais comuns são: presença de sangue nas fezes, dor e cólica abdominal frequente com mais de 30 dias de duração, alteração no ritmo intestinal como diarreia ou constipação, emagrecimento rápido e não intencional, além de anemia, cansaço e fraqueza.

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que o Brasil deve registrar 44 mil novos casos da doença por ano no próximo triênio, entre 2023 e 2025, com 70% concentrados nas regiões Sudeste e Sul. Desses casos, 23.660 devem ser diagnosticados entre mulheres e 21.970 entre homens.

De acordo com os dados mais recentes do Atlas da Mortalidade por Câncer, do Inca, em 2020, foram registradas 20.245 mortes por câncer no intestino no Brasil, sendo 9.889 homens e 10.356 mulheres.

O desenvolvimento do câncer de intestino tem forte impacto da alimentação. Dietas pobres em fibras e o excesso no consumo de alimentos ultraprocessados contribuem para o surgimento da doença.

Segundo o Inca, os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação não saudável.

A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce) ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

O rastreamento dos tumores de cólon e reto (colorretal) pode ser realizado por meio de dois exames principais: pesquisa de sangue oculto nas fezes e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopias).

O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos, estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo, dentro do abdômen. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor.

Fonte: Lucas Rocha, CNN

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