Depois de mais de 40 anos do início da pandemia de HIV no mundo, a tecnologia e a ciência avançaram ao ponto de assegurar diversas formas de prevenção ao vírus e tratamentos eficazes, que impedem o desenvolvimento da Aids.
Além disso, os tratamentos disponíveis hoje garantem o fim da transmissão do vírus pela pessoa que vive com HIV.
A CNN lista abaixo os principais avanços científicos e as mudanças que eles provocaram na luta contra esse vírus.
Medicações e seus resultados
Existem no Brasil 22 medicamentos antirretrovirais, em 38 apresentações farmacêuticas diferentes, que podem ser utilizados por pessoas que vivem com HIV.
Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e, consequentemente, o desenvolvimento da Aids, que é a doença que o vírus HIV pode provocar.
Quando tomados corretamente pelas pessoas que vivem com o vírus, é comum que eles façam elas atingirem o nível de “indetectável”, quando os exames não conseguem mais detectar o HIV no organismo delas.
Ao se tornarem indetectáveis, essas pessoas deixam de transmitir o vírus. Para manter a condição é necessário manter o tratamento em dia.
Vacinação?
Muitos estudos e testes em animais e seres humanos vêm sendo feitos nas últimas décadas em prol da criação de uma vacina contra o HIV.
A empresa Moderna, por exemplo, anunciou em janeiro de 2022 que os primeiros participantes de um ensaio clínico de Fase 1 de uma vacina experimental contra HIV foram vacinados.
Em agosto deste ano, um ensaio científico prometeu a criação do novo imunizante. Chamado PrEPVacc, o ensaio está testando duas vacinas juntamente com duas formas de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
Primeiros casos de cura
Nesse meio tempo, tratamentos alternativos já garantiram a cura de pelo menos seis pessoas em todo o mundo.
Em julho deste ano, um homem na Suíça, apelidado de “Paciente de Genebra”, apresentou remissão do vírus HIV após a realização de um transplante de medula óssea.
Antes dele, outros cinco pacientes tiveram resultados semelhantes após transplantes anteriormente.
Em maio, cientistas já haviam conseguido eliminar o HIV do organismo de animais combinando terapias antirretrovirais de ação prolongada e uma nova técnica de edição genética.
Meios de prevenção à infecção pelo HIV e à Aids
Testagem
Realizar a testagem com frequência (de seis meses a um ano) é uma forma de prevenir o avanço de várias infecções sexualmente transmissíveis.
Isso porque, saber seu estado de saúde significa poder ser encaminhado(a) o mais rápido possível para o tratamento adequado.
Os testes para diagnosticar uma eventual infecção pelo HIV podem ser feitos por fluido oral ou coleta sanguínea.
No Brasil, existem dois tipos:
- testagem rápida (feitos pelo SUS ou com teste de farmácia, que pode ser feito em casa); e
- exames laboratoriais.
Eles detectam a presença de anticorpos que atuam contra o HIV em cerca de 30 minutos.
Preservativos
As populares camisinhas são classificadas pelo Ministério da Saúde como método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Existem dois modelos, um para cobrir o pênis antes do ato sexual e outro para ser usado internamente na vagina. Eles não devem ser usados ao mesmo tempo.
A proteção ocorre ao impedir o contato direto da pele, de fluidos corporais e microfissuras.
PEP
Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma medida de urgência para evitar a infecção pelo HIV que pode ser usada após exposições de risco.
A PEP são dois comprimidos (um com tenofovir e lamivudina e o outro com dolutegravir — todos chamados de antirretrovirais) que devem ser tomados por 28 dias, sem interrupção, sob orientação e avaliação médica.
O início do tratamento deve ser iniciado, preferencialmente, nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo após 72 horas
São entendidas como situações de risco:
- violência sexual;
- relação sexual desprotegida;
- acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).
PrEP
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), por sua vez, deve ser utilizadas antes que surjam situações de risco para infecções pelo HIV.
A PrEP reduz em mais de 90% as chances de uma pessoa se infectar pelo HIV quando exposta ao vírus.
A medicação, que combina dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir + entricitabina), pode ser tomada de algumas formas:
- oral regular (um comprido por dia);
- oral sob demanda ou intermitente (dois comprimidos entre duas e 24 horas antes do sexo previsto e, em caso de haver a relação sexual, mais uma pílula até 24 horas após o ato e mais uma no dia seguinte);
- injetável (com injeções administradas pelo SUS a cada dois meses).
Prevenção combinada
Profissionais e agências de saúde indicam ser possível aumentar a proteção contra o HIV, e também outras ISTs, ao combinar mais de uma tecnologia de prevenção.
O uso de PrEP e preservativos, por exemplo. As combinações possíveis são variadas e dependem das características individuais e do momento de vida de cada pessoa.
VÍDEO – Por que ainda não existe uma vacina contra o HIV?
Dados gerais sobre o HIV e a Aids
Desde os anos 1980, foram registrados no Brasil mais de 1 milhão de casos de infecções por HIV, segundo o Ministério da Saúde e a Unaids.
Os estados com maiores taxas são respectivamente: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina.
Até 2022, a Unaids contabilizava 39 milhões de pessoas vivendo com o HIV em todo o mundo.
No ano passado, foi registrado 1,3 milhão de novos casos de infecções, das quais 46% são meninas e mulheres de todas as idades.
Do total de pessoas vivendo com HIV, 29,8 milhões (76%) estavam em terapia antirretroviral em dezembro de 2022. Em 2010, o número pessoas em tratamento era de 7,7 milhões.
De 2007 até junho de 2023, foram notificados no Sinan 489.594 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 203.227 (41,5%) na região Sudeste, 104.251 (21,3%) na região Nordeste, 93.399 (19,1%) na região Sul, 49.956 (10,2%) na região Norte e 38.761 (7,9%) na região Centro-Oeste.
Já em 2022, foram notificados 43.403 casos de infecção pelo HIV, dos quais 15.064 (34,7%) na região Sudeste, 11.414 (26,3%) no Nordeste, 6.900 (15,9%) no Sul, 6.200 (14,3%) no Norte e 3.825 (8,8%) no Centro-Oeste.
Na série histórica, 345.069 (70,5%) casos foram notificados em homens e 144.364 (29,5%) em mulheres. A razão de sexos sofreu alteração ao longo do tempo: em 2007 era de 14 homens para cada dez mulheres e, a partir de 2020, passou a ser de 28 homens para cada dez mulheres.
Fonte: CNN Saúde