Modelo 3D revela detalhes de proteína do vírus HIV que se liga a células

Novos detalhes sobre a estrutura do vírus HIV foram descobertos por pesquisadores da Universidade de Washington e da instituição médica Scripps Research, nos Estados Unidos. As novidades estão registradas em artigo científico publicado em 4 de fevereiro na revista Cell.

Com potencial para ajudar a desenvolver uma vacina contra a aids, as descobertas incluem um modelo em 3D sobre a estrutura da proteína Env do vírus, usada por ele ao se ligar a células. O estudo também traz um novo olhar sobre os escudos de glicano, açúcares presentes nessas proteínas, capazes de esconder o HIV do sistema imune.

Segundo Kelly Lee, principal autora da pesquisa, sua equipe estuda toda a partícula viral e como a proteína Env se relaciona com o restante do agente infeccioso. “Olhando para a estrutura intacta do vírus, podemos ver como as diferentes facetas do vírus estão sendo exibidas e como elas seriam reconhecidas ou ocultas do sistema imunológico”, afirma em comunicado.

Com a nova pesquisa, os cientistas conseguiram ter melhor noção da posição da Env no envelope viral em relação à proteína Gag, que impulsiona a montagem de partículas do HIV. “Esta descoberta anula os modelos anteriores de como as partes dos vírus são montadas e ajuda a focar nossa atenção em onde a interação de ancoragem dessas duas proteínas provavelmente estará”, conta Lee.

Outra novidade é que a haste que sustenta as proteínas do envelope do HIV é flexível e pode se inclinar, oferecendo tanto oportunidades quanto desafios aos anticorpos neutralizantes, que nos protegem de infecções virais.

Este envelope, contudo, é um alvo difícil para desenvolver vacinas, já que o HIV exibe poucas proteínas Env e se camufla com as moléculas de açúcar, segundo explica Michael Zwick, professor associado de imunologia na Scripps Research e coautor estudo.

Além disso, todas as características descobertas aumentam a variabilidade que a proteína Env tem no sistema imunológico. Isso mostra que o vírus sofre mutações, podendo originar até mesmo milhares de variantes diferentes dentro de apenas um único paciente.

Em fevereiro, pesquisadores da Universidade de Oxford rastrearam uma nova cepa mais transmissível de HIV circulando na Holanda, por exemplo. “Este é apenas mais um lembrete de que esses vírus estão sempre mudando, então precisamos que os cientistas continuem a estudá-los”, diz Zwick.

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