[MT]- Desospitalização promove qualidade de vida a pacientes do Hospital Regional de Sorriso

Paciente que ficou três meses internado recebeu alta hospitalar e após dois meses em casa já está comemorando o sucesso da recuperação

Pacientes internados no Hospital Regional de Sorriso e que precisam de tratamento com antibiótico via endovenosa por longo período agora poderão, dependendo da avaliação médica, ter alta hospitalar e receber a medicação em uma unidade de saúde próxima a sua residência.

A diretora do HR de Sorriso, Lucieli Benin, explica que se trata de um modelo já utilizado no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá denominado desospitalização, que reduz o longo período de internação, melhora a qualidade de vida do paciente e também libera leitos para receber outras pessoas que necessitam de cuidado hospitalar.

Na prática, detalha a enfermeira do Setor de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Regional de Sorriso, Letícia Surdi, o paciente vai para casa e continua recebendo a medicação endovenosa em uma unidade de saúde da sua cidade com monitoramento da equipe de enfermagem do HR.

Letícia Surdi conta que o modelo já está sendo implantado graças ao apoio que recebeu de profissionais do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e também da direção e da equipe médica do Hospital Regional de Sorriso e do programa Telessaúde MT, que vem contribuindo na elaboração do projeto da desospitalização.

“De posse das informações obtidas em Cuiabá sobre este modelo de assistência, retornamos animados para Sorriso diante da possibilidade de implantarmos o modelo no município e logo fomos à busca dos pacientes do hospital com potencial para serem beneficiados”, relata.

Nesta procura por candidatos à desospitalização, a equipe de Sorriso encontrou o paciente Gilberto da Silva Carlos, que estava internado há três meses no Hospital Regional de Sorriso vítima de trauma. O quadro do paciente evoluiu para Osteomilelite devido a complicações do trauma e um longo período de internação. Durante esse tempo, a esposa e os filhos de Gilberto ficaram hospedados em uma casa de apoio. “Encontramos nele um forte candidato a desospitalização”, conta Letícia Surdi.

Responsável pela implantação do modelo em Sorriso, Letícia observa que a medicação é enviada periodicamente à unidade de saúde que ficou responsável oficialmente pela continuidade do tratamento. O paciente ainda deve comparecer obrigatoriamente uma vez por mês no hospital regional, onde passa por exames e avalição do especialista e da infectologista.

“Como são medicamentos exclusivos via endovenosa, a gente faz o termo de responsabilidade e entrega do antibiótico para as unidades onde serão administrados. O paciente já sai com a primeira consulta de retorno agendada com o médico especialista e a infectologista e ele só recebe alta quando estiver tudo devidamente assinado e registrado, inclusive com a confirmação da unidade onde ele vai fazer a medicação”.

O caso de Gilberto da Silva Carlos, de 37 anos, atesta o sucesso do programa de desospitalização. Ele sofreu acidente de moto dia 1º de outubro na cidade de Feliz Natal, onde mora, e de lá foi levado às pressas para o Hospital Regional de Sorriso. Após 97 dias de internação fazendo uso diário de antibiótico via endovenosa, Gilberto foi abordado pela enfermeira Letícia Surdi. “Ela me fez a proposta de tratamento em casa, explicou os benefícios, mas também perguntou se eu estava consciente de que também deveria fazer a minha parte, me cuidando e mantendo a medicação em dia”, relata.

Gilberto recebe a medicação três vezes ao dia no posto de saúde da região central de Feliz Natal. “Eles me buscam em casa”, ressalta o paciente, que deixou o Hospital Regional de Sorriso dia 8 de janeiro e de lá para cá vem ganhando peso e se recuperando muito bem ao lado da esposa e dos filhos. “Eu agradeço primeiramente a Deus e depois a equipe do hospital e daqui do posto de saúde. A medicação não falta, eu estou me cuidado e meu pé está cada vez mais bonito”, comemora.

“Nós começamos com o básico do programa, com muita vontade e também contando com a generosidade e simplicidade do paciente do SUS. Eu me emociono muito porque ver o Gilberto em casa, em volta dos filhos e da esposa, é uma grande alegria. Ele teve de volta a vida familiar e social e está evoluindo muito bem”, disse a enfermeira Letícia Surdi.

O foco deste projeto é reestabelecer o paciente no seu vínculo social sem abandonar o tratamento, fora a questão da humanização. A enfermeira lembra que o projeto não está na alta médica, mas na alta hospitalar. O paciente segue constantemente acompanhado e supervisionado pela equipe. “A alta hospitalar favorece também aquele paciente que, por exemplo, está há uma semana no pronto-socorro aguardando vaga para internação num leito de retaguarda. Assim podemos prestar também um conforto pra ele”.

Gilberto já está de alta hospitalar a dois meses, tem o acompanhamento direto da equipe de enfermagem de Feliz Natal que mantém contato frequente com o hospital regional, responsável pelo controle e fornecimento da medicação.  “Esse trabalho está sendo muito gratificante, muito enriquecedor, e mostra que a gente pode fazer a diferença, sim, no SUS para os nossos pacientes”, acrescenta a enfermeira Letícia Surdi.

Telessaúde

O processo de implantação da desospitalização está adiantado. Assim que o projeto estiver concluído, virá a fase da qualificação dos profissionais da rede para absorver os pacientes. Claudia Cristina Zuanazzi, monitora do Telessaúde MT, que acompanha desde o início o trabalho do Hospital Regional de Sorriso, informa que tudo está sendo feito de forma a se adequar a realidade da região Teles Pires.

“Estamos elaborando protocolos e fluxogramas. Essa etapa sendo concluída, entra o Telessaúde com a parte da capacitação da rede municipal para receber esses pacientes, esclarecendo dúvidas em relação à administração, reações adversas, interações medicamentosas entre outros”, frisa Cláudia Zuanazzi

O Telessaúde vai possibilitar esse processo por meio de web aulas e que posteriormente ficarão disponibilizadas pela internet. “Nosso foco é a integralidade do cuidado fortalecendo a rede de atenção à saúde, humanizando o atendimento ao paciente hospitalizado, evitando a perda do vínculo familiar e social. Estamos muito empolgadas com esse projeto, que é um olhar humanizado ao paciente do SUS com foco na sua qualidade de vida”, finaliza Cláudia Zuanazzi, que capacita profissionais da atenção primária à saúde na utilização do Telessaúde e monitora a utilização e economia gerada aos cofres públicos.

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde

Responda

Your email address will not be published.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy