O câncer de mama é um dos tipos de câncer mais comuns entre as mulheres no Brasil e no mundo. Os fatores de risco são inúmeros, porém mesmo sabendo da gravidade, muitos casos ainda são diagnosticados em estágios avançados da doença, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura. Um diagnóstico precoce é sempre a melhor opção.
A mamografia, exame de diagnóstico por imagem, cumpre bem essa função. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a mamografia deve ser realizada anualmente por mulheres a partir dos 40 anos de idade. A orientação da SBM se baseia em estudos que afirmam que 25% das mulheres brasileiras que terão câncer de mama terão entre 40 e 49 anos.
Nos Estados Unidos, porém, a recomendação dada pela Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF) era iniciar o rastreamento aos 50 anos. Isso no entanto mudou, e agora os norte-americanos anteciparam o rastreio em 10 anos, seguindo uma orientação semelhante à brasileira.
A nova orientação foi anunciada na terça-feira (9) em um projeto de declaração de recomendação emitido pela Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF). A força-tarefa recebe apoio do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, mas opera de forma independente e é composta por especialistas voluntários em cuidados primários e prevenção.
A orientação mais antiga, emitida em 2016, recomendava exames a cada dois anos para pacientes do sexo feminino com idades entre 50 e 74 anos. Para aquelas mais jovens entre 40 e 49 anos o instituto deixou uma decisão individual, salvo aquelas que têm histórico familiar. Nesse caso, a organização deixa claro a necessidade de se seguir uma orientação médica específica para cada caso.
“A ciência nova e mais inclusiva sobre o câncer de mama em pessoas com menos de 50 anos nos permitiu expandir nossa recomendação anterior e encorajar todas as mulheres a serem rastreadas a cada dois anos a partir dos 40″, conta Carol Mangione, ex-presidente da Força-Tarefa, no comunicado. “Esta nova recomendação ajudará a salvar vidas e evitar que mais mulheres morram por essa doença.”
Prevenção
Segundo o USPSTF, se todos os elegíveis obtivessem a triagem recomendada, as taxas de mortalidade por câncer de mama nos EUA poderiam cair 19%. Os especialistas ainda destacam que futuramente mais recomendações serão divulgadas focando em grupos raciais específicos e para pessoas com tecido mamário denso, cujo câncer pode ser difícil de detectar em mamografias.
As mulheres negras têm 40% mais chances de morrer de câncer de mama do que as mulheres brancas e muitas vezes em idades mais jovens. Por reconhecer essa desigualdade, a organização pede mais pesquisas para entender as causas subjacentes e o que pode ser feito para eliminar essa disparidade de saúde.
“Precisamos saber a melhor forma de abordar a questão da saúde disparidades enfrentadas por mulheres negras, hispânicas, latinas, asiáticas, nativas americanas e nativas do Alasca, particularmente como garantir um acompanhamento equitativo após a triagem”, contam os especialistas. A força-tarefa também está pedindo pesquisas sobre se e como triagem adicional, realizando por exemplo, exames de ultrassom ou ressonância magnética, pode ajudar pacientes com mamas densas a serem diagnosticadas mais cedo.
É claro que o procedimento oferece alguns riscos potenciais, como talvez um falso positivo para a incidência de câncer, levando a biópsias desnecessárias e diagnósticos incorretos. Além disso, como as mamografias envolvem exposição aos raios X, cada triagem expõe os pacientes a uma pequena dose de radiação ionizante. Contudo, os benefícios de um diagnóstico precoce superaram os potenciais riscos.
Fonte: Revista Galileu