Nova técnica com injeções de gordura pode aliviar a fascite plantar

Quem já teve não se esquece: ao acordar e sair da cama, a sensação é de que agulhas estão sendo espetadas na sola dos pés, principalmente na região do calcanhar, e andar é um suplício. Trata-se da fascite plantar, um processo inflamatório que afeta a fáscia plantar, membrana de tecido conjuntivo que recobre a musculatura da sola do pé. No entanto, pesquisadores da faculdade de medicina da Universidade de Pittsburgh divulgaram uma notícia auspiciosa: injeções de gordura podem ser utilizadas para aliviar os sintomas.

Em estudo publicado na revista científica “Plastic and reconstructive surgery”, o médico Jeffrey Gusenoff, professor de cirurgia plástica da universidade, afirmou que as injeções de gordura – retirada da barriga ou outra área do corpo do paciente – “diminuíram a dor, ajudaram as pessoas a retomar as atividades esportivas e melhoraram sua qualidade de vida”. Somente nos EUA, cerca de 2 milhões sofrem com o incômodo, a maioria na faixa entre os 40 e 60 anos. O problema pode ser contornado com fisioterapia ou palmilhas ortopédicas. Nos casos de dor crônica, há prescrição de anti-inflamatórios e de infiltração de corticoides. A cirurgia é indicada quando as alternativas de tratamento não surtem efeito.

A fisioterapeuta e rolfista Katia Klajman: “é preciso fazer uma análise de como a pessoa utiliza as articulações do pé, do joelho e da bacia na hora da caminhada”  — Foto: Mariza Tavares

A fisioterapeuta e rolfista Katia Klajman: “é preciso fazer uma análise de como a pessoa utiliza as articulações do pé, do joelho e da bacia na hora da caminhada” — Foto: Mariza Tavares

A sobrecarga de atividades esportivas de impacto pode provocar a fascite plantar, assim como o sobrepeso e o sedentarismo. Ainda pouco conhecido pelo grande público, o método chamado Rolfing (que leva o nome de sua criadora, a doutora em bioquímica Ida Rolf) trabalha exatamente as fáscias, que permeiam ossos, músculos, nervos e órgãos, como uma grande teia da estrutura corporal. O profissional realiza toques com pressão para alongá-las e diminuir a rigidez que causava o desconforto.

De acordo com a fisioterapeuta e rolfista Katia Klajman, o manejo da fascite plantar, sob a ótica do Rolfing, tem que envolver uma reeducação funcional, para que o paciente tenha consciência do seu alinhamento corporal e da eficiência de seus movimentos. “É preciso fazer uma análise de como a pessoa utiliza as articulações do pé, do joelho e da bacia na hora da caminhada; da força dos arcos medial e lateral dos pés; do tipo de calçado utilizado; e mesmo dos hábitos dentro de casa. Como vamos perdendo o coxim adiposo que absorve o impacto, a gordura injetada certamente ajudará no amortecimento, mas é como se comprássemos um par de tênis, que será gasto com o tempo. Se não mudarmos a carga sobre a fáscia plantar, essa ‘almofada’ vai ser um suporte temporário. Não se pode esquecer que, quando se fala de mobilidade, tudo está interligado: a fáscia plantar é uma continuação da fáscia do tendão de Aquiles, na canela, que também deve estar funcionando, ou o problema ficará camuflado”, explicou.

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