O que acontece com os espermatozoides após a vasectomia?

A vasectomia é um dos métodos utilizados para evitar uma gravidez indesejada. A cirurgia consiste em fazer pequenas alterações no sistema reprodutor masculino (interromper a passagem de espermatozoides pelo canal conhecido como deferente) para que os homens não liberem espermatozoides durante a ejaculação. No entanto, o corpo masculino continua a produzi-los. É aí que surge o questionamento: para onde vai o espermatozoide?

O testículo humano produz uma quantidade incrível de espermatozoides: cerca de 300 milhões por dia, o equivalente a 12,5 milhões por hora ou 3.500 por segundo.

Antes de saber o que acontece com os espermatozoides após a vasectomia, é preciso entender como funciona sua produção. As células sexuais masculinas são criadas dentro dos testículos em um processo que leva de 65 a 75 dias e é chamado de espermatogênese. Após seu desenvolvimento, os espermatozoides ficam em tubo estreito chamado epidídimo, treinando suas “habilidades de natação” (para ganhar a “corrida” até o óvulo).

Quando totalmente maduros, eles são conduzidos até o ducto deferente — túnel que conecta o testículo à uretra, no pênis. Assim, no momento da ejaculação, os espermatozoides saem do corpo masculino junto com o sêmen, uma mistura de secreções formada pela próstata e vesículas seminais. O objetivo é ajudar o esperma no seu deslocamento até o útero.

A vasectomia consiste no corte dos ductos deferentes, canais que ligam o testículo à uretra. A cirurgia é bem simples e rápida, podendo ser feita no consultório do urologista, com anestesia local e em cerca de 30 a 50 minutos. A recuperação é rápida e o procedimento pode ser realizado no SUS. Para isso, o candidato deve ter mais de 25 anos ou, pelo menos, dois filhos.

Os médicos indicam esperar aproximadamente 12 semanas para que os ductos deferentes estejam completamente vazios de espermatozoides. Em média, são necessárias 20 ejaculações para limpar completamente o canal. Depois desse período é feito um espermograma para certificar que a passagem de espermatozoides foi interrompida. A partir de então, as futuras ejaculações serão compostas de fluido estéril, ou seja, sem capacidade de gerar gravidez.

Vale lembrar que a vasectomia evita a gravidez, mas não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Por isso, é importante continuar usando preservativo.

Reciclagem de espermatozoides

O que acontece quando alguém faz uma vasectomia é semelhante ao que ocorre quando não se tem ejaculações com frequência.

— Os espermatozoides ao serem produzidos no testículo chegam ao epidídimo, órgão responsável por finalizar a maturação e prover os gametas masculinos com a habilidade de adquirir a motilidade ao serem ejaculados. Este trânsito no epidídimo dura cerca de 5 a 7 dias. Caso os espermatozoides não sejam ejaculados, seja pela presença da vasectomia ou por um longo período de abstinência ejaculatória, o próprio epidídimo é o órgão responsável pela reabsorção dos espermatozoides envelhecidos, evitando que ocorra um aumento exagerado do número de espermatozoides no local — explica o médico Daniel Zylbersztejn, urologista especialista em medicina reprodutiva, diretor do Departamento da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e coordenador-médico do Fleury Fertilidade.

Essa remoção de espermatozoides que já passaram do seu auge é um processo vital e ocorre continuamente, garante o médico. A reciclagem garante que as células que deixam o corpo estejam em ótimas condições, caso precisem embarcar em uma longa corrida até o óvulo.

Embora os testículos não inchem com a sobrecarga de esperma, as outras secreções que compõem o sêmen podem se acumular, causando desconforto se a excitação sexual não resultar em ejaculação.

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