O que é estresse oxidativo e por que ele afeta o envelhecimento

O estresse oxidativo é inerente à vida no planeta Terra.

A vida animal existe porque há oxigênio na atmosfera. A oxidação produz efeitos indesejáveis ​​e, entre eles, encontramos o chamado “estresse oxidativo”.

Em primeiro lugar, é preciso deixar registrado que esse processo é tão normal quanto ir à praia, mergulhar no mar e sair da água molhado. Com o tempo, você vai acabar se secando.

Evidentemente, o tempo que leva vai depender se está sol ou nublado, se é inverno ou verão, e se você usa uma toalha para se secar ou fica debaixo do guarda-sol. Mas você vai acabar se secando.

No caso do estresse oxidativo, o corpo dos mamíferos (incluindo os seres humanos) possui mecanismos que são responsáveis por controlar esse processo “infeliz”.

É fato que sempre vamos oxidar. O segredo está em controlar o excesso de elementos nocivos. Em outras palavras, você deve manter distância do que produz danos.

O estresse oxidativo ocorre quando compostos que não são úteis para a vida (radicais livres, água oxigenada, etc.) são produzidos em nosso corpo.

Quando sua presença é excessiva, apresentam consequências negativas, pois alteram, por exemplo, a funcionalidade das membranas.

Se as membranas se rompem, as células morrem e a doença aparece. Em um indivíduo saudável com um padrão de alimentação e estilo de vida adequados, o estresse oxidativo pode ser minimizado. Não completamente, mas pode ser controlado.

Implicações para o envelhecimento

Quando o organismo envelhece, os mecanismos de controle do estresse oxidativo deixam de funcionar corretamente.

O mesmo acontece com o resto dos mecanismos que mantêm os sinais vitais (o termo correto no jargão científico é “homeostase”). Algo semelhante ocorre, por exemplo, em pessoas com obesidade.

Favas

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Legenda da foto,Faz mal comer favas para controlar o estresse oxidativo?

Portanto, é uma falácia que o homem possa ser imortal. A morte pode ocorrer mesmo sem qualquer doença. Podemos morrer de velhice quando os mecanismos de controle da homeostase não forem mais capazes de manter a pessoa viva.

Voltando ao exemplo do início, nos perguntamos: é ruim comer favas para controlar o estresse oxidativo?

De forma alguma. O processo é mais complexo, pois o estresse oxidativo que se produz a nível dos glóbulos vermelhos (e de outras células do nosso organismo) é controlado de maneira automática.

Quanto maior o estresse oxidativo, maior a atividade dos mecanismos de controle.

Há uma doença, por exemplo, que tem a ver com problemas na hora de gerenciar o estresse oxidativo dos eritrócitos especificamente. É chamada de favismo e se manifesta quando se come favas.

Os sintomas são maiores ou menores dependendo do tipo de mutação genética e da quantidade de fava consumida.

As crises por consumo de fava produzem uma hemólise aguda (desintegração dos glóbulos vermelhos) pela destruição da membrana dessas células ao tomar medicação oxidante.

A hemólise nesses mesmos pacientes também pode ser causada pela ingestão de certos medicamentos, como a cloroquina, que é usada contra a malária.

Mulher nadando

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Legenda da foto,O estresse oxidativo é tão normal quanto ir à praia, mergulhar no mar e sair molhado da água

Manter o equilíbrio da balança

Continuando com o exemplo do banho de mar, o favismo seria equivalente a não poder se secar por falta de toalha, de sol, etc.

Se a pessoa não é capaz de se secar por conta própria, tem que ir ao hospital para remediar a situação criada pela ingestão de favas ou cloroquina.

Para se ter uma ideia de como funcionam esses mecanismos de controle que combatem o estresse oxidativo, podemos pensar em uma balança.

Ou seja, ao mesmo tempo em que produzimos substâncias de estresse oxidativo (por exemplo, radicais livres), ativamos controladores específicos ou produzimos substâncias (redutoras) que inativam as substâncias nocivas.

Se o sistema deixar de ser lubrificado, como acontece na velhice, a balança pende para a produção de substâncias pró-oxidantes.

À medida que envelhecemos, o mecanismo de controle do estresse oxidativo e de outras células em todo o corpo humano se ressente.

Vale a pena lembrar que os humanos não tinham previsto viver tantos anos como agora, por isso precisamos encontrar maneiras de prolongar a vida útil dos processos de desintoxicação.

Como nos proteger do estresse oxidativo

Obviamente, os comportamentos sedentários influenciam negativamente esse processo. O maquinário deve estar sempre em movimento para que tudo esteja lubrificado.

É importante caminhar, praticar esportes, exercitar o cérebro, etc. para desacelerar a oxidação e, com ela, o estresse oxidativo e a perda da homeostase.

Casal de idosos cozinhando

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Legenda da foto,É essencial levar uma vida saudável, praticar esportes, exercitar o cérebro e manter uma alimentação equilibrada

Em suma, o envelhecimento afeta todos os nossos processos orgânicos.

Se não fizermos nossa parte, a disomeostase é mais grave e o estresse oxidativo é mais abundante e prejudicial.

Para estar em forma, é necessário fazer exercícios e, da mesma forma, encontrar uma maneira de estar preparado e manter lubrificados os mecanismos inatos de desintoxicação dos produtos derivados do estresse oxidativo .

Pegar sol serve para produzir vitamina D, comer cenouras para obter vitamina A e consumir favas para que os mecanismos de desintoxicação funcionem.

Por enquanto, algumas diretrizes sugeridas pelos cientistas, como a inclusão de antioxidantes na dieta, não estão dando os resultados desejados.

Portanto, você deve levar uma vida saudável e manter uma alimentação equilibrada.

*Rafael Franco é professor de bioquímica e biologia molecular na Universidade de Barcelona.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).

BBC

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