Como é realizado o cuidado paliativo?

O cuidado paliativo é realizado por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

Ele deve ser feito necessariamente em equipe. No mínimo, médico, enfermeiro e psicólogo devem estar integrados prestando atendimento ao paciente e sua família; mas o fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e até educador físico podem fazer parte dessas equipes.

Por exemplo, um paciente com dificuldade de deglutição e com produção excessiva de saliva, por uma cirurgia devido a um tumor de cabeça e pescoço, pode ser avaliado por médico, fonoaudiólogo e nutricionista:

  • o médico prescreverá um medicamento para auxiliar na diminuição de saliva;
  • o fonoaudiólogo avaliará e indicará o tipo de consistência de alimento, a via de alimentação mais adequada;
  • e o nutricionista orientará a dieta a ser seguida contemplando as necessidades nutricionais e a via de alimentação disponível.

Tudo isso considera a vontade do paciente e estágio da doença.

 

Quando o cuidado paliativo costuma ser realizado?

O cuidado paliativo pode ser integrado em qualquer momento do tratamento oncológico com o objetivo de otimizar a qualidade de vida e controle de sintomas.

No entanto, a sua atuação aumenta no momento em que o tratamento específico não traz o benefício esperado ou é necessária sua suspensão. Afinal, não sendo possível promover o tratamento específico da doença que traz os sintomas, é necessário o controle destes sintomas com outras estratégias, sejam medicamentosas ou não.

O desenvolvimento da medicina causou a medicalização da morte. Antigamente, pessoas idosas morriam em seus lares, rodeadas de filhos e netos. Hoje, com o advento das UTIs, não é raro que os últimos suspiros sejam dados numa cama de hospital, rodeados de tubos, agulhas e bipes. O cuidado paliativo também aborda aspectos relativos a esses cuidados de fim de vida.

A medicina ainda não detém a capacidade de cura de todas as doenças, invariavelmente iremos sucumbir à morte e o cuidado paliativo traz essa temática, considerada tabu, principalmente em nossa sociedade ocidental.

O Código de Ética Médica aborda o tema no capítulo I artigo XXII:

“Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados”.

Esse artigo tem como objetivo preservar a dignidade do paciente em seus últimos dias; tendo uma condição irreversível, pode-se omitir procedimentos que tragam sofrimento físico e psicológico (afetando a qualidade de vida do paciente) cujo o benefício seja questionável.

Por exemplo, intubação de um paciente portador de doença pulmonar grave que não poderá ser revertida com a intubação e tratamentos medicamentosos associados – nesta situação o paciente é confinado na UTI, onde o acesso de familiares é restrito e virá a óbito fazendo uso da ventilação mecânica e apesar dela. O paciente sob cuidado de uma equipe de cuidado paliativo, pode receber cuidados na enfermaria e com manejo medicamentoso adequado, ter seu sintoma aliviado, sem ser privado da presença de seus familiares.

O cuidado paliativo visa aliviar o sofrimento causado por uma doença grave e potencialmente fatal. Leva em consideração além dos sintomas físicos, aspectos psicológicos, sociais e espirituais. Prioriza uma comunicação clara com o paciente e sua família, considerando sua vontade e seus valores. Evita expor o paciente a procedimentos e intervenções que não tenham um objetivo claro em diminuir sintomas e aliviar sofrimento.

Fonte: OncoCenter