Os idosos precisam de um pouco de solidão, diz estudo suíço

Se solidão demais faz mal, passar um tempo sozinho para recarregar as energias é fundamental, em especial para idosos. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica British Journal of Psychology.

 

Pesquisadores da Universidade de Zurique concluíram que idosos precisam de algum tempo de silêncio para recarregar as baterias depois de se misturar com outras pessoas. Quanto mais tempo essas pessoas ficavam sozinhas após socializar com outros indivíduos, maior era o tempo de socialização na próxima oportunidade.

De acordo com um modelo popular, nossas necessidades de tempo social e de solidão se movem em direções opostas. Por exemplo, almoçar com um amigo faz bem para o bem-estar porque atende à necessidade humana de pertencimento. No entanto, isso também esgota nossa energia e depois do almoço, a pessoa pode sentir a necessidade de passar um tempo sozinha. Em pessoas mais velhas, que já têm uma energia mais limitada, esse efeito parece ser ainda maior.

 

No novo estudo, os pesquisadores analisaram 118 pessoas, com mais de 65 anos, que viviam em regiões de língua alemã da Suíça. Ao longo de três semanas, os participantes usaram um aplicativo para registrar a duração de qualquer tipo de interação social falada (seja cara a cara, por telefone ou bate-papo por vídeo) que tivesse mais de cinco minutos de duração e também quaisquer conversas de texto, incluindo SMS, Whatsapp, e-mail, etc.

Quando um evento em particular envolvia uma conversa interrompida (como conversar ocasionalmente enquanto assistia a um filme de 2 horas com um parceiro ou amigo), o tempo total do evento era registrado. Todos os períodos em que não houvesse esses tipos de interação, foram considerados como solidão. Isso incluiu o tempo de sono, se o participante não dormiu ao lado de um parceiro.

Todos os participantes também completaram pesquisas registrando como geralmente se sentiam – chateados ou inspirados, por exemplo – , sobre sua satisfação com a vida e também seus níveis gerais de energia.

Os resultados mostraram que um episódio de interação social durava, em média, 39 minutos e um período de solidão durava cerca de cinco horas. Mas os pesquisadores também descobriram que o tempo que um participante passou envolvido em um ou outro influenciou o que aconteceu a seguir.

Quando o período solitário durava uma hora a mais do que o normal, os participantes subsequentemente se engajavam em uma interação social que também era um pouco mais longa do que o normal. O contrário também aconteceu. Quando uma interação social durava mais tempo, eles passavam mais tempo sozinhos, em seguida.

 

De acordo com os autores, essas descobertas apoiam a ideia de que os idosos regulam o tempo que passam na solidão ou interagindo com os outros de acordo com as mudanças nos níveis de sua necessidade de pertencimento e de sua energia.

A equipe também concluiu que os participantes que estavam mais satisfeitos com sua vida e aqueles que tinham mais energia no dia-a-dia passaram ainda mais tempo em uma interação social, após um período de solidão mais longo do que o normal. Por outro lado, aqueles com humor menos positivo e que relataram menos satisfação com a vida tendiam a passar mais tempo na solidão.

“Nossas descobertas sugerem que, embora a interação social seja um meio de melhorar o bem-estar, a solidão também é parte integrante da vida diária dos idosos, apoiando a recuperação de energia”, conclui a equipe.

Fonte: O Globo

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