Pesquisa sobre hábitos noturnos das gestantes com diabetes é destaque internacional

[Fortaleza] – Uma pesquisa feita no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), ganhou destaque na imprensa especializada internacional. O estudo, feito em gestantes no segundo e terceiro trimestres de gravidez, mostra que mulheres que desenvolveram diabetes durante a gestação e possuem hábitos noturnos têm três vezes mais chances de pré-eclâmpsia e quatro vezes mais tendência a gerarem recém-nascidos com necessidade de cuidados em unidades de atenção neonatal.

Com uma metodologia simples, o estudo foi realizado pela endocrinologista do CIDH, Cristina Façanha, com apoio do Laboratório do Sono da Universidade Federal do Ceará (UFC), e teve como base as respostas de um questionário e o monitoramento dos ciclos de repouso e atividades das grávidas.

“Estudamos 305 pacientes e, destas, conseguimos acompanhar o desfecho da gravidez de 268. Durante a gestação, avaliamos o ritmo circadiano. Ao fim do estudo, comprovamos que aquelas com hábitos noturnos experienciaram mais complicações na gravidez como um todo. As que mais chamaram atenção foram a pré-eclâmpsia e prematuridade”, explica Cristina. O ciclo circadiano é o período de cerca de 24 horas sobre o qual o ciclo biológico de quase todos os seres vivos se baseia.

Tema bastante explorado em trabalhos científicos, a endocrinologista afirma que a metodologia foi o que chamou a atenção. “O trabalho ganhou destaque porque a técnica utilizada é muito simples. Além das perguntas às pacientes, adotamos um método não invasivo com um aparelho de actigrafia para identificar as mulheres com o perfil vespertino”.

O CIDH possui atendimento especializado para gestantes com diabetes desde 2003. O acompanhamento diário a essas mulheres facilitou a percepção para o estudo. “Vemos no dia a dia as queixas de sono das pacientes com diabetes gestacional, é natural pensar que isso faz parte da gestação, mas talvez não seja bem assim. É importante averiguar, já que o distúrbio de sono, a obesidade, a depressão têm afetado mais a sociedade nos dias de hoje”, contextualiza Cristina.


Atualmente, as consultas no CIDH estão sendo realizadas de forma online

A médica recomenda que, durante o pré-natal, haja avaliação do ritmo de sono das gestantes, visto que a pré-eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) e a prematuridade são problemas que podem complicar a gestação. “Ao perceber essa rotina noturna, é importante ficar mais atenta para instituir precocemente medidas de prevenção dessas complicações”.

Cristina complementa: “É preciso orientar que essas mulheres exponham-se à luz solar logo cedo, façam atividades físicas pela manhã e evitem a luz azul das telas, principalmente à noite, para tentar regularizar o ritmo”.

O estudo foi apresentado no congresso internacional ENDO21. Além da divulgação pela Endocrine Society, a pesquisa foi citada também em publicação da American Diabetes Association.

Distúrbios do sono

Os distúrbios do ritmo circadiano – assunto da pesquisa – fazem parte de um conjunto de doenças que podem complicar ou atrapalhar o sono. Os hormônios do corpo atuam em ciclos e são regulados ao longo do dia. “O corpo se prepara para trabalhar, se prepara para comer e também se prepara para descansar. No momento do descanso, as taxas de melatonina estão mais altas, inibindo as taxas de hormônios que não deveriam estar em evidência neste momento. Uma pessoa com hábitos noturnos e que tem seu pico de energia em uma hora inadequada pode prejudicar o seu funcionamento interno”, orienta a endocrinologista.

Fonte: SESA

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