Pesquisadores mapeiam mudanças celulares ligadas à endometriose

Em estudo considerado um “divisor de águas”, um grupo de cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai, nos Estados Unidos, conseguiu mapear as alterações causadas pela endometriose. Os resultados foram publicados no periódico Nature Genetics.

Caracterizada pelo crescimento anormal de células semelhantes às que revestem o útero em outras partes do corpo (geralmente nos ovários, trompas de falópio e na cavidade abdominal), a condição afeta milhões de pessoas pelo mundo.

A doença pode trazer como sintomas dores crônicas, irregularidades menstruais, fadiga e infertilidade, além de disfunção intestinal e da bexiga, em alguns casos. Estima-se que uma em cada dez mulheres sofram com o distúrbio. Apesar de ser comum, o diagnóstico leva, em média, de sete a oito anos, porque a endometriose ainda é mal compreendida pelos especialistas.

Kate Lawrenson, uma das autoras da pesquisa, afirmou em entrevista ao jornal The Guardian que “a endometriose tem sido pouco estudada por causa da limitação dos dados celulares, o que dificulta o desenvolvimento de tratamentos eficazes”. Para entender melhor a condição, o grupo analisou mais de 400 mil células de 21 pacientes, algumas delas com endometriose diagnosticada e outras livres da doença.

Segundo ela, o sequenciamento permitiu com que se mapeassem as alterações moleculares associadas à endometriose e traçasse os perfis dessas células. Esse método já é utilizado para entender como o câncer — outra doença que causa um crescimento celular anormal — funciona e, assim, projetar terapias direcionadas. O objetivo dos cientistas do Cedars-Sinai é fazer o mesmo com a endometriose.

“Conseguimos identificar as diferenças moleculares entre os principais subtipos de endometriose, incluindo a doença peritoneal [que afeta a cavidade abdominal] e a ovariana. Agora, esse recurso pode ser utilizado por pesquisadores em todo o mundo para estudar os diversos tipos específicos de células, o que se espera que levará a diagnósticos e tratamentos mais eficientes e eficazes. É realmente um divisor de águas”, disse Lawrenson.

Atualmente, o tratamento indicado para a endometriose limita-se à remoção cirúrgica de cistos e lesões, alívio da dor e terapias hormonais, como a pílula anticoncepcional ou o sistema intrauterino (SIU). Já em casos mais graves, pode ser recomendada a remoção dos ovários ou do útero. Assim, a esperança é que uma melhor compreensão das bases moleculares da doença permita o desenvolvimento de terapias mais direcionadas, como aconteceu com o câncer.

Fonte: Revista Galileu

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