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Quanto de coronavírus alguém com Covid-19 pode exalar? Estudo analisa

Um novo estudo da Universidade Northwestern, dos Estados Unidos, analisou a quantidade de cópias virais que pacientes com Covid-19 podem exalar por minuto ao longo da infecção. Os resultados, que trazem a primera medida longitudinal e direta desse dado, ainda serão publicados no eLife; porém, eles foram disponibilizados em uma pré-impressão do servidor medRxiv em 8 de setembro.

Os pesquisadores avaliaram mais de 300 amostras de ar expirado por 43 indivíduos infectados ao longo de quase três semanas. Para essas coletas, os autores desenvolveram um dispositivo capaz de testar a presença do coronavírus durante 10 minutos de respiração natural e relaxada. Isso estabelece uma base conservadora da quantidade de agentes infecciosos expelidos, já que falar, cantar ou gritar provavelmente aumenta as quantidades dos agentes infecciosos liberados no ar.

“A grande maioria das pesquisas sobre cargas virais durante uma infecção por Covid-19 foi baseada em hastes flexíveis [swabs] nasais ou orais, que medem o vírus no nariz ou na garganta”, comenta Gregory Lane, autor principal do estudo, em nota. “No entanto, o Sars-CoV-2 se espalha pela respiração, e o vírus na respiração pode não corresponder ao vírus no nariz. A dinâmica da transmissão viral por meio da respiração durante a infecção é pouco compreendida, apesar de ser assim que o vírus se espalha.”

O dispositivo também foi essencial para os pesquisadores detectarem o RNA viral nas amostras. Assim, é possível analisar a relação entre os níveis desse RNA na respiração e outros dados do paciente, como gravidade dos sintomas, status de vacinação, variante do vírus, idade e sexo.

No fim, o estudo descobriu que voluntários com Covid-19 podiam espalhar até mil cópias virais do Sars-Cov-2 por minuto durante os primeiros oito dias após o início dos sintomas. Depois desse período inicial da doença, os níveis de vírus exalados caíam drasticamente, chegando a aproximadamente duas cópias virais por minuto. As análises duraram até cerca de 20 dias depois dos primeiros sintomas dos voluntários se manifestarem.

A pesquisa também descobriu que os pacientes que apresentavam sintomas leves ou que eram moderadamente sintomáticos ainda exalavam grandes quantidades de vírus. Além disso, em geral, amostras de pessoas com casos mais graves de Covid-19 tinham níveis mais elevados de coronavírus.

Quanto à transmissão de vacinados e não vacinados, os pesquisadores perceberam que ambos os grupos apresentavam níveis virais semelhantes ao longo da infecção. O artigo ainda aponta que a variante do Sars-Cov-2 não pareceu impactar a quantidade de agentes infecciosos expelida durante a respiração dos voluntários.

As descobertas do estudo podem ser usadas para calcular quanto tempo leva para um indivíduo exalar uma dose infecciosa de coronavírus, segundo Lane. “Por exemplo, se assumirmos que a dose infecciosa para Covid-19 é de 300 cópias virais, então uma pessoa que exala mil cópias por minuto exalaria uma dose infecciosa em 20 segundos – algo altamente arriscado num elevador”, explica o especialista. “Já uma pessoa que exalasse duas cópias virais por minuto liberaria uma dose infecciosa em cerca de duas horas, o que provavelmente seria seguro em um elevador.”

Por isso, para o pesquisador, o estudo pode orientar melhor esforços para evitar a propagação da Covid-19. “Essas informações apontam quando alguém infectado deve se isolar; quando é mais provável que essa pessoa infecte outras ao exalar o vírus no ar ao seu redor e quando ela se torna muito menos propensa a espalhar a infecção”, ele conclui.

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