Desta vez, das 4.772 pessoas residentes em 14 municípios do Piauí que foram entrevistadas e testadas no período de 6 a 9 de maio. Vinte e cinco domicílios tiveram resultado positivo para a doença, o que mostra uma taxa de infecção de 0,5239%, bem maior do que foi apresentado na primeira pesquisa, que era de 0,1156%. Isso significa um crescimento de mais de 300%. A primeira pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 27 de abril, com 4.325 pessoas, em 14 municípios.

De acordo o mais recente estudo, estima-se que 17.148 estejam infectadas no Piauí, baseando-se na taxa de infecção apresentada e no número de habitantes do estado, um número mais de quatro vezes maior que o apresentado na primeira pesquisa: 3.783. Apesar da estimativa, no dia 9 de maio, encerramento da pesquisa, existiam 1.278 casos notificados pela Sesapi e 42 óbitos, ou seja, o contágio nesse dia era 28 vezes maior que o número de casos confirmados pela Sesapi. A pesquisa considerou a taxa de transmissão básica (R0) como 2,1, ou seja, uma pessoa contaminando mais de duas, em média.

“O que podemos concluir nessa segunda etapa é que as pessoas precisam se conscientizar da importância do isolamento social, porque do jeito que caminhamos, vamos chegar, daqui a há 15 ou 20 dias, em uma probabilidade de o sistema de saúde estar em colapso. Então, é um problema muito grave, segundo o que os pesquisadores viram no interior do estado é que as pessoas não estão em isolamento, é como se nada tivesse acontecendo”, afirmou o diretor do Instituto Amostragem, João Batista Teles.

Apenas o Rio Grande do Sul e o Piauí estão trabalhando com pesquisa de testagem por amostragem no Brasil. Os resultados consideram gênero, faixa etária, a presença ou não de comorbidade nos entrevistados, se viajou nos últimos 30 dias e, finalmente, se tem mantido o distanciamento social ficando em casa. Nos próximos dias o Ibope também iniciará uma pesquisa semelhante para mapear o avanço da doença no país.

Wellington Dias afirmou que não irá esperar colapso no sistema de saúde e se precisar irá decretar lockdown (bloqueio total) no estado. “Os resultados mostram que o desafio é ainda maior, tivemos uma queda grande no isolamento social. Cerca de 300 mil pessoas estão descumprindo o isolamento. Quanto a isso, teremos que tomar uma posição, pois quanto mais pessoas contaminadas, mais pessoas vão precisar de vagas de internação. Se continuar, adotaremos medidas mais duras, como o lockdown, caso ultrapasse de 50% de ocupação de leitos de UTI. Então, queremos que as pessoas tenham dignidade no atendimento, para isso não pode haver o colapso”, frisou.

O chefe do executivo estadual acrescentou que uma nova rodada de pesquisa será realizada pelo Instituto Amostragem, dessa vez com novos testes que detectam se a pessoa infectada ainda está transmitindo ou não. “À medida que temos uma contaminação elevada, caminhamos para uma situação de colapso e as ações que estamos adotando é para reduzir o número de doentes ao mesmo tempo. Faremos uma nova pesquisa com resultados diferenciados, que irão revelar quantas pessoas contaminadas ainda estão transmitindo e quantas não estão mais transmitindo”, ressaltou.

Segundo o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, a situação da pandemia no interior do estado preocupa. Há 12 regiões críticas no estado, com um número elevado de contaminação e propagação. “Estamos estruturando os hospitais locais com leitos de estabilização com respiradores e estamos ampliando os leitos de UTI dos hospitais regionais. As regiões que mais nos preocupa são de São Raimundo Nonato, São João do Piauí, Bom Jesus, Corrente, Uruçuí, Parnaíba, Picos, Floriano, Água Branca e Teresina, que é o centro da pandemia no Piauí”, pontuou o gestor.