Quem são os superdisseminadores do Coronavírus e por que eles são tão importantes?

[Rio de Janeiro] – A chamada superdisseminação — que é quando pacientes transmitem infecções para um grande número de pessoas — ocorre em quase todos os surtos. Na maioria das vezes não é culpa deles, mas eles acabam tendo um impacto significativo na disseminação das doenças.

Um dos superdisseminadores foi identificado como sendo o britânico Steve Walsh, que esteve em Cingapura a trabalho e depois foi associado à infecção de quatro pessoas no Reino Unido, cinco na França e uma na Espanha.

O QUE É UM SUPERDISSEMINADOR?

O termo é um tanto quanto vago, e não tem uma definição científica consolidada. Mas trata-se do caso de um paciente que infecta significativamente mais pessoas do que o normal.

Em média, cada pessoa infectada com o novo Coronavírus o transmite para duas e até três pessoas.

Mas isso é apenas uma média: algumas pessoas não passarão o vírus para ninguém, e outras, para mais de uma dezena, por exemplo.

QUÃO GRANDE PODE SER UM EPISÓDIO DE SUPERDISSEMINAÇÃO?

Gigantesco. E eles podem ter um efeito enorme em um surto.

Trabalhadores participam do funeral de vítimas do ebola no cemitério de Kitatumba na cidade de Butembo, na província de Kivu do Norte

Em 2015, um episódio de superdisseminação à infecção de 82 pessoas a partir de um único paciente hospitalar com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), um outro tipo de vírus da família de coronavírus.

Na epidemia de ebola na África Ocidental, a maioria dos casos (61%) partiram de poucos paciente (3%).

“Surgiram mais de 100 cadeias de transmissão a partir de um único funeral em junho de 2014”, relata Nathalie MacDermott, do King’s College de Londres.

POR QUE ALGUMAS PESSOAS ESPALHAM MAIS DOENÇAS DO QUE AS OUTRAS?

Parte se dá apenas pelo contato com mais pessoas — por causa da natureza do tabalho ou das características de onde vivem, por exemplo —, mesmo que não apresentem sintomas. No surto atual, o vírus pode ser transmitido durante o período de incubação, que vai de 1 a 14 dias.

“Crianças são boas nisso, e é por isso que fechar escolas pode ser uma medida eficiente”, explicou John Edmunds, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Outras pessoas são consideradas “superarmazenadoras”, ou seja, soltam uma quantidade incomum de vírus (ou outros organismos) de seus corpos, ampliando a possibilidade de infectar muitas pessoas.

Hospitais que atuaram contra a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), ligada a um outro tipo de coronavírus, se tornaram centros de superdisseminação porque os pacientes mais doentes eram também os mais infecciosos e entraram em contato com muitos profissionais de saúde.

Por James Gallagher – Repórter de saúde e ciência da BBC News

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