Saúde alerta sobre os cuidados na hora de fazer uma tatuagem

Para deixar marcado na pele para a vida inteira aquele desenho ou traço preferido é preciso se atentar a alguns detalhes na hora de escolher o estúdio de tatuagem. De acordo com a enfermeira Clementina Isihi, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, muitos estúdios de tatuagem e body piercing colocam em risco a saúde tanto de clientes como dos próprios profissionais ao não adotar cuidados básicos de higiene e biossegurança.

“Muitos tatuadores, por exemplo, sabem da necessidade de tomar as três doses de vacina necessárias para garantir a imunização contra o vírus da hepatite B, mas ainda assim não tomam”, garante ela. “A vacina é o ponto de partida para a prevenção, mas o principal ímpeto está na falta de cuidado dentro dos estúdios” esclarece.

Outro ponto de atenção é a utilização da autoclave para esterilização dos materiais. “O ideal é que o material utilizado fique no mínimo uma hora no equipamento a uma temperatura mínima de 170°C”, afirma a enfermeira.”O que acontece é que muitos tatuadores nem têm esse controle de temperatura no aparelho ou não respeitam o tempo mínimo de permanência”

Segundo o infectologista Roberto Focaccia, os riscos de transmissão de doenças em estúdios de tatuagem vão além das hepatites virais. “A lavagem de mão inadequada ou a ausência dela é algo gravíssimo, que aumenta a probabilidade de transmissão de vírus, bactérias e fungos”, explica.

O descarte do material utilizado nos estúdios é outro fator preocupante. O correto é solicitar a coleta para resíduos sólidos de saúde à prefeitura. Quando isso acontece, todo o material vai parar no lixo comum, colocando em risco a saúde de lixeiros e catadores de materiais recicláveis.

Com mais de dez tatuagens espalhadas pelo corpo, porque “ao certo não”, o vendedor Caíque Pinheiro assume que nunca ter se atentado a tais detalhes. “Eu já frequentei mais de dois estúdios diferentes e nunca prestei atenção na higiene e no descarte correto, muito possivelmente por acreditar que comigo não vai acontecer nada”.

Segundo Focaccia, as transmissões mais comuns em estúdios de tatuagem são de hepatite do tipo B e do tipo C. A contaminação da hepatite ocorre através do contato de uma agulha contaminada com a pele e pela reutilização de tinta.

A vacina que combate a hepatite B está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), para pessoas com até 49 anos de idade. Os indivíduos pertencentes ao grupo de risco, como tatuadores, manicures, podólogos, bombeiros, gestantes, profissionais da saúde e portadores de doenças crônicas podem e devem tomar a vacina gratuitamente, independentemente da idade.

De acordo com o infectologista do HEB, Gustavo Kawanami, em fevereiro de 2002 foi criado o programa nacional de hepatites virais voltado ao atendimento de aproximadamente 2 a 3 milhões de brasileiros portadores da hepatite C. “Nos últimos 15 anos nenhuma outra doença infecciosa passou por uma revolução tão grande em relação ao tratamento da hepatite C.  Em 2002, falávamos de taxas de controle do vírus que não excediam 55%. Em 2012, instituímos tratamentos almejando taxas de cura próximas a 70%. Hoje, já existem tratamentos mais curtos, com efeitos colaterais exponencialmente menores e chances de cura em torno de 92%”, explica o infectologista.

A fiscalização das condições dos estúdios de tatuagem na cidade de São Paulo é realizada pela Vigilância Sanitária Municipal.

Fonte: SP Notícias

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