
Além de manter o calendário vacinal em dia, há uma outra realidade surpreendente que pode oferecer proteção contra formas mais graves da Covid-19: ter filhos pequenos em casa. A descoberta faz parte de um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Os autores explicam que a resposta para a menor incidência de hospitalizações entre aqueles com crianças de até cinco anos pode estar na infecção prévia por outros coronavírus mais brandos, que causam quadros de resfriado e podem oferecer uma proteção, ao menos contra desfechos severos, para a Covid-19 .
No final, constataram que adultos que não conviviam com crianças tiveram cerca de 15% menos infecções, porém níveis de hospitalização consideravelmente mais altos. Em comparação ao grupo de pais com filhos de até cinco anos, a necessidade de internação pela Covid-19 chegou a ser 49% maior. Quando avaliada a admissão em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), foi até 75% maior.
“Nossas descobertas fornecem evidências epidemiológicas potenciais para sugerir a possibilidade de que a imunidade cruzada por coronavírus não-SARS-CoV-2 (que não causam a Covid-19) possa fornecer um nível de proteção contra doença grave da Covid-19”, escreveram os autores do estudo.
Isso porque os resfriados comuns, que são mais prevalentes em crianças pequenas, podem ser causados por uma ampla variedade de vírus respiratórios, como o adenovírus, o rinovírus e outros coronavírus. Embora da mesma família do Sars-CoV-2, patógeno responsável pela Covid-19, esses coronavírus são mais brandos e já circulavam antes da pandemia.
Os pesquisadores sugerem que o convívio com crianças de até cinco anos, e consequente maior risco de contaminação por esses coronavírus, pode ter levado ao desenvolvimento de uma imunidade que oferece algum nível de proteção contra o Sars-CoV-2.