TESTE MOLECULAR E TESTE RÁPIDO, QUAIS AS DIFERENÇAS?

[Teresina] – A pandemia do COVID-19 trouxe muitos desafios para os sistemas de saúde e, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o melhor caminho para vencer a doença era testar o maior número possível de pessoas, diversas dúvidas surgiram com relação aos diferentes tipos de exames disponíveis no mercado.

Existe atualmente no mercado uma série de testes disponíveis para diagnóstico da COVID-19. Por conta disso, muitos questionamentos podem surgir: Qual teste seria mais adequado? Qual a precisão de cada um? Quais os significados dos termos técnicos utilizados.

O Brasil tem cerca de 59 testes registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e hoje, há três tipos de testes laboratoriais que podem ser realizados com tecnologias diferentes, ajudando a tornar mais preciso o panorama da doença.

QUAIS SÃO OS TESTES UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DO COVID-19, ELES SÃO TODOS IGUAIS?

A reposta é não. Há três metodologias que podem ser utilizadas: o método molecular da RT-PCR (transcrição reversa seguida da reação da polimerase em cadeia), onde é coletado material nasal e da orofaringe do paciente para a detecção do RNA do vírus (material genético) e os testes rápidos, que podem detectar anticorpos ou os antígenos do vírus (proteínas).

A principal diferença entre eles, além da tecnologia e método, está no momento de detecção. O PCR pode diagnosticar precocemente a doença, porque já aponta a presença do vírus no início dos sintomas. Já os testes para detecção de anticorpos ou antígenos são os indicado para estágios mais avançados da doença.

O tempo de demora para o resultado também variar também de acordo com o exame, devido justamente à estrutura laboratorial disponível. O teste de PCR envolve procedimentos que podem levar horas, dependendo do instrumento e do procedimento realizado. Já com os testes rápidos os resultados saem em poucos minutos. Apesar do teste molecular demorar mais, é considerado como o mais preciso. A OMS indica como definidor para diagnóstico.

Outra diferença está no tipo de material a ser utilizado. Existem testes que usam material coletado do nariz e nasofaringe, aqueles que usam sangue total e aqueles que usam o plasma. Cada fabricante determina o tipo de amostra.

Nos testes moleculares normalmente se usa o material coletado da nasofaringe e orofaringe, enquanto os testes rápido usam sangue total ou plasma.

UÉ, O TESTE RÁPIDO, POR SER MAIS RÁPIDO NÃO É O MELHOR?

Depende de quando e em quais circunstâncias forem utilizados. O fato de cientistas ainda não saberem ao certo o tempo decorrido entre a infecção pelo COVID-19 e a produção de anticorpos pelo organismo, torna os testes rápidos mais sujeitos a terem resultados falso-negativos (quando a doença não aparece em uma pessoa infectada) ou falso-positivos. Esse nível de confiabilidade, claro, varia de acordo com o tipo de teste.

AFINAL, QUANDO UTILIZAR CADA UM DOS TESTES?

A OMS apontou o RT-PCR (exame molecular capaz de identificar o RNA do vírus) pacientes, como o exame mais apropriado para o diagnóstico da COVID-19 na fase AGUDA da doença, ou seja, quando a pessoa já apresenta sintomas ou confirma ter tido contato com alguma pessoa infectada.

É o teste padrão para a Covid-19 no país e no mundo, dificilmente apresenta falsos negativos. O nível de sensibilidade é extremamente eficaz, podendo detectar a infecção em mínimas quantidades de material genético do vírus, isto é, quando a carga viral do paciente é baixa.

O Ministério da Saúde recomenda que o teste seja coletado entre o 3º e 7º dias de sintomas, preferencialmente, quando a carga viral é maior, podendo ser coletado até o 10º dia.

Mas lembrando que esse exame é de alta complexidade, e devido à alta demanda, os insumos para sua realização estão escassos, o que enfatiza a necessidade do uso racional deste procedimento.

O teste rápido que detecta anticorpos (se assemelha ao exame de gravidez disponível nas farmácias), utiliza a metodologia chamada imunocromatografia (geração de cor a partir de uma reação entre o antígeno e o anticorpo) – não atua na identificação do RNA do vírus, mas na detecção de anticorpos. Mas ele não é rápido? A questão não é essa, o ponto crucial nisso tudo é que o sistema imunológico se comporta de forma diferente em cada pessoa, pois produzimos anticorpos em ritmos diferenciados.

Por exemplo, o anticorpo IgM (imunoglobulina M), produzido na fase aguda da infecção, pode demorar até 10 dias para constar nas amostras sanguíneas. Isso mostra que se o exame for realizado logo que os sintomas surgem, o resultado será negativo, mesmo que a pessoa esteja infectada, gerando uma falsa sensação de segurança. O outro anticorpo que pode ser detectado, IgG (imunoglobulina G), que também surge na fase aguda, que serve para proteger a pessoa de futuras infecções, permanecendo por toda a vida, normalmente aparece após o 14º dia do início dos sintomas, dessa forma, não seria indicado para indivíduos que foram testados assim que apareceram os sintomas, por isso que para a fase aguda contamos com o RT-PCR e, para a fase tardia, os exames de anticorpos, entendeu?

Os testes rápidos de IgG e IgM são indicados para pessoas com sintomas suspeitos de Covid-19, com início há pelo menos 8 dias, trabalhadores afastados por suspeita de coronavírus, que iniciaram sintomas há 8 dias e já estão assintomáticos a pelo menos 72 horas. E finalmente para indivíduos assintomáticos que tiveram contato próximo com pessoas diagnosticadas ou suspeitas, há pelo menos 20 dias.

Agora, não confunda teste rápido que detecta anticorpos, com teste rápido que detecta antígeno.  Este segundo capta fragmentos de proteínas do vírus em amostras coletadas e podem ser feitos em pacientes que iniciam os primeiros sintomas.

Um resultado reagente indica presença do COVID-19 e precisa ser confirmado no exame laboratorial. Portanto, o teste rápido de antígeno não confirma diagnóstico, sendo válido somente para triagem de pacientes e correto encaminhamento ao hospital.  É pouco utilizado quando comparado aos testes que detectam anticorpos e A RT-PCR.

Por Profª Drª Andreza Martins – Sanar|Med

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