TOC ou mania? Psicóloga esclarece sintomas e orienta tratamento

Embora a sigla seja popular, ainda há muitos mitos acerca do Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o TOC. É comum associar o distúrbio a alguns comportamentos repetitivos ou manias, mas trata-se de uma questão séria, que precisa ser tratada com o apoio de profissionais.

 

A psicóloga Letícia Rodrigues Alvarenga explica que o TOC está inserido dentro dos transtornos de ansiedade e tem como características principais, como diz o nome, as obsessões e as compulsões.

— As obsessões são ideias recorrentes que aparecem nas pessoas sem que elas tenham controle sobre isso. São os chamados “pensamentos intrusivos”, e as compulsões são os comportamentos adotados para aliviar a ansiedade causada por eles — esclarece.

O sintoma mais comum associado ao TOC é a preocupação excessiva com a limpeza. Letícia explica que quem apresenta as obsessões voltadas para a higiene vê na limpeza exagerada uma válvula de escape para aliviar a ansiedade causada pelos pensamentos intrusivos. Mas o transtorno pode se manifestar de outras formas: alguns pacientes relatam dificuldades em falar certas palavras, outros podem sofrer muito com uma tomada de decisão, mesmo que ela seja extremamente simples.

 

 

A psicóloga afirma que a Terapia Cognitivo-Comportamental é a mais indicada para esse caso e que o tratamento pode ou não ser combinado com remédios. Ela explica como essa abordagem pode melhorar a qualidade de vida do paciente:

— A gente vai expondo a pessoa à situação que gera ansiedade, para desconstruir esses pensamentos, e ensinando-a a questioná-los e a pensar em soluções, pensar no que os está causando. Começamos por esses sintomas mais brandos e, aos poucos, vamos chegando aos mais graves até a pessoa conseguir fazer essa elaboração.

TOC ou mania: qual a diferença?

 

De acordo com Letícia, a hora de procurar ajuda é quando esse tipo de situação começa a atrapalhar nas atividades do dia a dia e nas relações interpessoais. O TOC pode paralisar completamente uma pessoa, a ponto de impedi-la de exercer funções básicas. A compulsão por checar incessantemente, por exemplo, se uma porta foi trancada ao sair de casa pode gerar atrasos e prejudicar a saúde mental de uma pessoa, que durante o dia pode voltar a ter os pensamentos intrusivos mesmo tendo realizado a ação várias vezes. Neste caso, é a hora de procurar um especialista.

Isso não é a mesma coisa que uma mania, como explica a psicóloga. Ela conta que todos nós já agimos por impulso em determinadas situações, como comer excessivamente em momentos de ansiedade, por exemplo. O que vai diferenciar são a intensidade e a frequência dos episódios, e por isso deve-se ficar atento aos sintomas. Quanto mais cedo o TOC for diagnosticado, maiores são as chances de um tratamento eficaz.

Outra ação importante que todos podem tomar é parar de usar o termo como se fosse uma característica. A psicóloga avalia que o uso da sigla cotidianamente contribui para aumentar um estigma em torno do transtorno.

— As pessoas pegam termos de saúde mental e acabam banalizando, porque usam uma característica solta. Isso aconteceu com a bipolaridade e acontece também com o TOC, o que dificulta muito o acesso das pessoas ao tratamento adequado, porque estigmatiza o sofrimento psíquico. Nós precisamos psicoeducar as pessoas, combater a desinformação com a educação — finaliza.

Fonte: O Globo

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