Transplantado com coração de porco morreu por insuficiência cardíaca, entenda a doença

O primeiro paciente que recebeu um coração de porco geneticamente modificado, em janeiro deste ano, morreu dois meses depois. Recentemente, os médicos da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, responsáveis pelo procedimento inédito na medicina, afirmaram que o corpo não rejeitou o órgão, mas que David Bennett, de 57 anos, faleceu devido a um quadro de insuficiência cardíaca.

Em comunicado à imprensa, a universidade afirmou que o problema foi causado por um “conjunto complexo de fatores”, que levou o novo coração de Bennett a não bombear o sangue da forma adequada. Ainda assim, os pesquisadores acreditam que o processo comprovou que o transplante do tipo pode funcionar no corpo humano sem rejeição imediata, um importante passo no desenvolvimento da nova técnica.

Entenda o que é a insuficiência cardíaca, como identificar os sintomas e as formas de tratamento

Informação, cuidados e prevenção: a newsletter que se preocupa com a sua saúde

 

O que é insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica que leva o coração a perder ou a diminuir a capacidade de bombear sangue adequadamente. Geralmente, ela decorre de outros problemas de saúde que afetam o desempenho do órgão.

O tratamento é capaz de estabilizar ou reverter a disfunção cardíaca, mas por ser um quadro ligado a outros fatores, o paciente precisa manter o acompanhamento médico. Em casos mais graves, a insuficiência cardíaca pode levar à necessidade da implantação de um marcapasso ou de um transplante de órgão, explica o presidente do departamento de insuficiência cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Evandro Tinoco Mesquita.

“A insuficiência cardíaca afeta principalmente a população mais idosa, pois a carga dessas comorbidades é maior para ela. Mas os indivíduos obesos, hipertensos, diabéticos, portadores de doenças coronarianas, doença valvar, que fazem uso excessivo de bebida alcoólica, entre outros, também têm mais risco”, diz o especialista.

Quais são os sintomas?

Os sinais estão ligados à incapacidade do coração em bombear de maneira adequada o sangue para o resto do corpo. Alguns dos principais sinais relatados são:

  • Falta de ar;
  • Inchaço nas pernas;
  • Congestão pulmonar;
  • Fadiga intensa

Como a insuficiência cardíaca pode levar a quadros graves caso a causa não seja diagnosticada e tratada, é recomendado que, ao sentir os sintomas, o paciente busque imediatamente a orientação médica especializada de um cardiologista.

Quais são as causas da insuficiência cardíaca?

O quadro é caracterizado pela incapacidade do coração em bombear e receber o sangue da forma adequada. Quando é ligada ao bombeamento, recebe o nome de sistólica. Já quando o problema está no seu recebimento, dá-se o nome de insuficiência cardíaca diastólica.

No entanto, ela não é uma patologia em si, e sim uma síndrome clínica decorrente de outras doenças. Há diversas causas que podem ser relacionadas a ela, explica Mesquita:

“Ela representa a via final de várias doenças, como uma infecção por Covid-19, uma agressão no coração causando miocardite, uma agressão ao coração por álcool e drogas, um infarto, problemas de hipertensão arterial, problemas ligados a ataques cardíacos, entre outros”, alerta o médico.

Uma das principais causas ligadas à insuficiência cardíaca conhecidas no Brasil é a doença de Chagas, que pode ser prevenida ao se evitar o contato com o inseto transmissor.

Como é o tratamento?

O tratamento da insuficiência cardíaca busca melhorar a qualidade de vida e a sobrevida do paciente. Para isso, ele impede a progressão da síndrome e, em alguns poucos casos, consegue revertê-la.

As formas podem variar de acordo com a causa do problema. No geral, são utilizados medicamentos como betabloqueadores, diuréticos e vasodilatadores para controlar o bombeamento do sangue e atenuar os sintomas.

Em alguns casos mais graves, pode ser necessário o uso de um marcapasso, e, em situações muito avançadas, pode ser recomendado um transplante de coração ou a implantação de um dispositivo chamado ventrículo artificial, que auxilia o órgão.

O coordenador da unidade coronariana da Casa de Saúde São José, Gustavo Gouvêa, ressalta que a prática de atividades físicas também pode ajudar a tratar a insuficiência cardíaca, além de ser importante para a sua prevenção:

“O exercício, hoje em dia também se sabe, não só previne a insuficiência cardíaca, como também ajuda no tratamento de quem já tem a síndrome fazendo com que eles ganhem mais capacidade física e reduzam então a chance de ter falta de ar ou dificuldade de respirar nos esforços”, explica o médico.

Como prevenir a insuficiência cardíaca?

As maneiras de se evitar a insuficiência cardíaca estão ligadas à prevenção de suas causas, como doenças do coração, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras.

“Basicamente, manter hábitos saudáveis, como exercícios físicos, manter controle rigoroso da pressão arterial, controle da obesidade, evitar o tabagismo e adotar uma dieta saudável que não seja excessiva em sódio. Então, todas as coisas que podemos fazer para ter uma vida saudável e estar fisicamente ativo”, orienta Gouvêa.

Além disso, Evandro Tinoco Mesquita, da SBC, reforça a importância de se evitar o contato com o inseto “barbeiro” por ele transmitir a doença de Chagas, uma das principais causas de insuficiência cardíaca no Brasil.

Ele chama a atenção ainda para a necessidade de se ter uma rotina de exames e checagens com seu médico, especialmente devido ao agravamento dos fatores de risco para a síndrome resultado da pandemia.

“Portanto, mantenham-se conectados ao sistema de saúde, ao seu médico de família, clínico, geriatra, cardiologista, para que as doenças sejam mantidas sob controle. Esses fatores de risco controlados diminuem as chances de desenvolver a insuficiência cardíaca, que é uma doença que pode ser progressiva e potencialmente fatal”, afirma o médico.

Fonte: Portal ig Saúde

Comments are closed.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy