Escocesa decide doar rim para desconhecido ao ver post em grupo de Facebook

Pai de cinco filhos e lutador de boxe amador, Roy McIntosh, que vive em Nova Jersey, nos Estados Unidos, estava esperando há mais de um ano por um transplante de rim. Quando sua esposa,Toshira, fez um apelo por orações no Facebook, um “milagre” aconteceu: uma escocesa completamente desconhecida se ofereceu na rede social para doar o órgão para o norte-americano.

A atitude de amor ao próximo ocorreu justo quando o homem caribenho de 48 anos mais precisava. De acordo com o site NJ.com, ele teve um quadro de Covid-19 que agravou  problemas renais e estava cada vez mais fraco com tratamentos de diálise.

Observando o sofrimento do marido, naquele mês de dezembro de 2021, a mulher dele postou uma mensagem em um grupo do Facebook intitulado The Laughing Christian (em português, “o cristão risonho”). Essa dizia: “Por favor, ore pelo meu marido para que Deus envie um doador de rim vivo tipo B+ para ele. Cremos em Deus para um milagre. Por favor, ore por ele”.

Mal imaginava a mulher que, a mais de 1,6 mil km de distância, em Harker Heights, no estado norte-americano do Texas, Heather Schaefer, de 33 anos, veria a postagem. Quase que instantemente, ela decidiu que ajudaria.

“Por favor, ore pelo meu marido para que Deus envie um doador de rim vivo tipo B+ para ele”,escreveu a mulher de Roy McIntosh em post no Facebook. “Acreditamos em Deus para um milagre"  (Foto: Reprodução/Facebook/ Virtua Health)
“Por favor, ore pelo meu marido para que Deus envie um doador de rim vivo tipo B+ para ele”,escreveu a mulher de Roy McIntosh em post no Facebook. “Acreditamos em Deus para um milagre. Por favor, ore por ele”. (Foto: Reprodução/Facebook/ Virtua Health)

“Eu li a mensagem e pensei: ‘Isso é para mim’”, recorda Schaefer, ao site norte-americano The Trentonian. “Então, enviei uma mensagem para a senhora cerca de 30 minutos depois e escrevi: ‘Sou do tipo sanguíneo B+ e gostaria de verificar se posso doar meu rim’”.

Fiel à sua palavra, a doadora candidata tomou todas as medidas necessárias. Mais tarde, ligou para o marido, um comandante das Forças Armadas dos EUA, para informá-lo sobre o que faria.“Quanto mais conversávamos sobre isso, quanto mais pesquisas fazíamos, mais ele me apoiava”, contou a jovem. “Cerca de um mês antes da cirurgia, ele me ligou para dizer: ‘Estou muito orgulhoso do que você está fazendo.’”

Em uma série de vídeos em seu canal no Youtube, Adventures with My Kidney (do inglês, “Aventuras Com o Meu Rim”), a escocesa relatou toda a experiência de doar seu órgão.“Fazer os vídeos me ajudou a organizar meus próprios pensamentos e explicar o processo para meus entes queridos”, disse a mulher.

Como ela mesma detalha nos vídeos, para doar o rim, Schaefer passou por vários testes ao longo de muitos meses. A doadora e o receptor não tiveram que estar no mesmo hospital, mas realizaram suas cirurgias à distância um do outro, por meio o programa National Kidney Registry (NKR).

A doação remota de rim permite que um indivíduo doe o órgão para alguém em uma cidade distante sem viajar para o centro de transplante do destinatário. O programa reduz os custos de locomoção e hospedagem para testes e cirurgia, e permite que os participantes se recuperem em casa, em vez de em um hotel.

Em 8 de junho deste ano, Heather Schaefer foi ao Insituto Medical City Fort Worth Transplant, onde os médicos removeram seu rim esquerdo. O hospital empacotou o órgão em gelo e usou um serviço de correio especializado para transportá-lo do Texas para Nova Jersey.

Heather Schaefer e Roy McIntosh tem um bracelete por terem impactado a vida de um ao outro  (Foto: Reprodução/Youtube/ Virtua Health)

Heather Schaefer e Roy McIntosh tem um bracelete por terem impactado a vida de um ao outro (Foto: Reprodução/Youtube/ Virtua Health)

Naquela mesma noite, cirurgiões do Virtua Advanced Transplant & Organ Health, no Hospital Virtua Our Lady of Lourdes, receberam o rim e o implantaram no norte-americano. John Radomski, um dos médicos responsáveis pelo procedimento, relatou que a vantagem da doação seria uma maior taxa de sobrevivência e a possibilidade de ter um estilo de vida mais normal.

Encontro de Roy McIntosh e Heather Schaefer após doação de rim  (Foto: Reprodução/Youtube/ Virtua Health)
Encontro de Roy McIntosh e Heather Schaefer após doação de rim (Foto: Reprodução/Youtube/ Virtua Health)

Antes do transplante, Roy McIntosh precisava de diálise três dias por semana, e cada sessão durava cinco horas. Essa operação, de acordo com o médico, pode ser bastante desgastante. “Quando em diálise, você está essencialmente pedindo a uma máquina para fazer em algumas horas o que os rins normalmente fariam ao longo de alguns dias. Exige muito de alguém”, ele explica.
Radomski cita pesquisas que demonstram melhores resultados quando um doador vivo está envolvido.“Em média, uma pessoa pode obter de 8,5 a 9 anos de função completa do rim de um doador falecido”, ele informa. “Esse número quase dobra para 15 anos ou mais quando o rim vem de um doador vivo. É por isso que o ato de bondade de Heather é tão significativo e merecedor de elogios”.

Em 3 de agosto de 2022, a doadora e o receptor se conheceram pessoalmente. A escocesa ganhou de presente um colar e um anel como sinal de gratidão. “Se tivéssemos um milhão de dólares, daríamos a ela, e ainda assim não seria suficiente”, disse a esposa de McIntosh. “Não há como retribuir um presente como este”.

Fonte: Revista Galileu

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