O empresário Jacob Barata, tido como o mais poderoso do setor de transportes do Rio, morreu de falência múltipla dos órgãos na manhã desta quarta-feira, aos 91 anos. Ele trabalhou em banco e vendeu joias, antes de largar tudo para iniciar no ramo que o levaria a ganhar o apelido de “rei do ônibus”. Ele estava internado no hospital Copa Star, na Zona Sul, há duas semanas e deixou três filhos e nove netos.
A causa da morte de Barata foi falência múltipla de órgãos, condição que ocorre quando dois ou mais órgãos têm suas funções comprometidas. Em situações como essa, é necessário realizar intervenções médicas, para manter o equilíbrio do organismo.
Cerca de 25% dos brasileiros internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) apresentam falência múltipla de órgãos. De acordo com o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), quanto maior o número de órgãos comprometidos, maior a chance de morte. Se dois órgãos são comprometidos, a mortalidade é de 60%. Se a falência é de três órgãos, a taxa sobe para 85% e no caso de quatro órgãos ou mais é de 100%.
Uma das causas mais comuns da síndrome é a sepse (choque séptico), que também pode ser desencadeada por infecções generalizadas, traumas, queimaduras, pancreatite, síndromes de aspiração, doenças autoimunes, eclampsia e envenenamento.
Principais características da síndrome
A falência múltipla de órgãos normalmente se desenvolve após um hiato variável de tempo em relação à sua causa original, durante o qual há aparente estabilidade do paciente. Logo em seguida, ela surge de maneira progressiva. A degradação gradativa dos diversos sistemas ocorre à medida que os vários órgãos entram em desequilíbrio funcional.
Pulmões, rins, estômago e fígado são os mais afetados, além de lesões cardíacas pós-traumáticas, cerebrais, glandulares e intestinais. Além disso, são notadas alterações do perfil de imunidade e de coagulação do paciente.
Há alguns sintomas clínicos que o médico deve observar para diagnosticar um caso de falência múltipla de órgãos, como a temperatura corporal estar acima de 38°C ou menor que 36°C, frequência cardíaca maior de 90 batimentos por minuto e o aumento ou redução significativos no número de leucócitos (células brancas) no sangue.
Quem foi o ‘rei do ônibus’?
Jacob Barata estudou no Colégio Piedade e passou a ajudar um conhecido que vendia panelas de alumínio à prestação nas ruas do Centro do Rio de Janeiro. Depois de um tempo, ele começou a trabalhar em ônibus.
No começo, dirigia um pequeno, que fazia a ligação Madureira-Irajá, linha que permaneceu por um ano até contratar o primeiro motorista. Ao longo das décadas, Barata construiu um império no setor de transportes, sendo um dos fundadores do Grupo Guanabara, considerado um dos maiores ramo no país.
Em julho de 2013, Jacob Barata e sua família ganharam destaque no noticiário, após um protesto que reuniu cerca de 60 pessoas na entrada da igreja do Carmo, no Centro, na hora do casamento de Beatriz Perissé Barata, neta do empresário, com Francisco Feitosa Filho. Também houve manifestação no hotel Copacabana Palace, onde aconteceu a luxuosa recepção após a cerimônia religiosa.
Em novembro de 1994, a família Barata viveu o drama do sequestro de Daniel, à época com 37 anos. O filho mais novo de Jacob Barata foi levado de dentro do seu escritório, na Viação Normandy, em Bonsucesso, por oito homens armados. Daniel foi morto pelos sequestradores e seu corpo foi encontrado em janeiro de 1995 no quintal de uma casa abandonada no bairro Boaçu, em São Gonçalo. Ele deixou a esposa grávida de oito meses e um filho de dois anos.
Em 2017, a Polícia Federal prendeu Jacob Barata Filho, um dos seus quatro filhos. Também empresário do setor, ele foi preso no Aeroporto Internacional Tom Jobim no âmbito das investigações da Operação Lava Jato, no Rio, quando se preparava para embarcar par Lisboa.
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