Ultrassonografia pulmonar: ferramenta de prognóstico essencial na luta contra a pandemia

[São Paulo] – No início da pandemia, os prontos-socorros dos hospitais brasileiros foram sobrecarregados com pacientes, situação que mostrou a escassez de recursos existentes na maioria dos locais. Para avaliar a gravidade dos pacientes, e até para estabelecer as prioridades no atendimento, os exames de imagem se mostraram essenciais para o diagnóstico preciso de problemas pulmonares apresentados pelos pacientes que contraíram o vírus. Nesse sentido, um estudo da Faculdade de Medicina da USP com 355 pacientes escolheu a ultrassonografia pulmonar como foco no prognóstico de infectados pela covid-19.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Julio Cesar Garcia de Alencar, médico do pronto-socorro de Clínica Médica do Hospital das Clínicas e primeiro autor do estudo, comenta que, “quando a covid-19 começou em São Paulo, faltava ainda um pouco de conhecimento sobre a evolução clínica do vírus”. Ele explica que, naquele momento, muitas perguntas ainda rondavam a mente dos profissionais: que paciente poderia ficar mais grave? Qual paciente seria preciso internar? Qual paciente deveria ser internado na enfermaria ou na UTI? Qual paciente poderia ir para casa?

Alencar detalha que, a partir desses questionamentos, a equipe começou a estudar métodos de imagem para ajudar nessa tomada de decisão. “Precisávamos de uma ferramenta à beira-leito, que fosse fácil, reprodutível, e que pudéssemos à beira-leito, junto com o nosso paciente, avaliar o grau de acometimento do pulmão pela doença e pudéssemos prognosticar, dizer quais eram as chances desse paciente piorar”, detalha o doutor. Com isso, veio a decisão da equipe de usar a ultrassonografia pulmonar como ferramenta de prognóstico.

Atualmente, o Hospital das Clínicas avalia o pulmão dos pacientes com covid-19 em 12 imagens e, a partir disso, cada imagem recebe uma pontuação de zero a três pontos com relação ao grau de acometimento, sendo zero um pulmão normal e três pontos um pulmão acometido. Dessa forma, a pontuação máxima é de 36 pontos por paciente. Quanto maior for a pontuação, maior a chance desse paciente evoluir de forma desfavorável durante os próximos dias. A ultrassonografia ajuda os profissionais de saúde a prever quais pacientes podem ter um quadro mais grave em dias próximos, e assim decidir qual pessoa precisa usar os leitos disponíveis de um hospital de forma mais rápida.

Fonte: Jornal da USP

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