Variantes genéticas raras podem estar por trás da calvície em homens

A queda de cabelo de padrão masculino, ou alopecia androgenética (AGA), é a forma mais comum de perda de cabelo e está majoritariamente associada a fatores hereditários. Progressiva, ela pode ser caracterizada pelo recuo dos fios na frente da linha capilar, as chamadas “entradas”; queda na região da coroa da cabeça; e presença de cabelo disposto em uma área com formato de ferradura.

Pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, analisaram como variações genéticas raras que ocorrem em menos de 1% da população podem contribuir para esse distúrbio. Foram estudadas sequências genéticas de 72.469 participantes do projeto UK Biobank (UKB), todos do sexo masculino. A pesquisa foi publicada no Nature Communications no último dia 22.

Até o momento, a maioria dos estudos relacionados à AGA se concentram em variantes genéticas comuns encontradas em mais de 350 loci (plural de lócus, posição onde está localizado um gene no cromossomo). Essas pesquisas focam especialmente no gene do receptor de andrógeno, localizado no cromossomo X herdado da mãe. A contribuição de variantes raras para a AGA tem sido considerada baixa, mas ainda faltam estudos sistemáticos.

Genética

 

Análises estatísticas fazem parte dos estudos genéticos e, no caso da nova pesquisa, são ainda mais complexas, já que variantes raras podem aparecer em poucos ou em um único indivíduo. Assim, não só é necessário verificar um grande grupo de pessoas como também fazer o sequenciamento do genoma ou do exoma dos indivíduos afetados, por exemplo.

Na nova pesquisa, variantes raras associadas à queda de cabelo de padrão masculino foram encontradas em cinco genes: EDA2R, WNT10A, HEPH, CEPT1 e EIF3F, sendo que os dois primeiros já eram considerados candidatos devido a análises anteriores de variantes comuns.

“Nosso estudo fornece mais evidências de que esses dois genes desempenham um papel [na AGA], e que isso ocorre por meio tanto de variantes raras quanto das comuns”, explica em comunicado Stefanie Heilmann-Heimbach, coautora do artigo.

A pesquisadora também nota que os genes CEPT1 e EIF3F estão localizados em regiões genéticas que, até então, não haviam sido associadas com a queda de cabelo de padrão masculino. Por isso, a equipe da cientista acredita que variantes raras nesses genes podem contribuir para a predisposição genética desse tipo de alopecia.

“HEPH, CEPT1 e EIF3F representam novos genes candidatos altamente plausíveis, dada sua função previamente descrita no desenvolvimento e crescimento dos cabelos”, acrescenta a pesquisadora.

Outra suspeita de Heilmann-Heimbach é que genes conhecidos por causar doenças hereditárias raras de pele e de cabelo (como as displasias ectodérmicas) também podem ter um papel no desenvolvimento da AGA. Assim, com essas novas descobertas, os pesquisadores esperam aumentar a compreensão das causas da queda de cabelo e aprimorar estratégias de tratamento.

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