Alzheimer: teste com resultado em até 20 minutos chega ao Brasil

Um novo teste que reduz o tempo para identificação de biomarcadores ligados à doença de Alzheimer de seis semanas para menos de 20 minutos chegou ao Brasil neste mês. A técnica, chamada de Elecsys CSF, foi desenvolvida pela farmacêutica Roche Diagnóstica e está sendo implementada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

 

A oferta do novo exame, porém, não será restrita aos pacientes da unidade paulista. Em nota, o Einstein explica que, como seu laboratório também presta serviços para “outros hospitais e laboratórios em todo território nacional”, o teste poderá alcançar brasileiros de outras partes do país.

O Elecsys CSF funciona a partir da análise de amostras do líquido cefalorraquidiano (LCR) coletadas do paciente. O LCR é um fluido presente no Sistema Nervoso Central (SNC) que age como um amortecedor entre as estruturas, de forma a oferecer uma proteção mecânica ao cérebro e à medula espinhal. Essa análise busca identificar a concentração das proteínas beta amiloide e TAU no cérebro, já que o acúmulo dessas substâncias formam placas no órgão que são ligadas ao diagnóstico de Alzheimer.

Já existem métodos utilizados para essa análise, porém são disponíveis majoritariamente no exterior, levando de seis a oito semanas para conseguir o resultado. Agora, com a implementação do novo exame no Brasil – que, segundo informações da Roche, consegue o resultado em apenas 18 minutos -, esse tempo é reduzido drasticamente.

 

No entanto, é importante lembrar que o teste é oferecido apenas por indicação do médico a partir da suspeita de um diagnóstico de Alzheimer. Isso porque o procedimento de coleta do LCR para análise não é simples, é feito por meio de uma punção lombar.

O procedimento, em que uma agulha muito fina é inserida no espaço entre as vértebras na parte inferior das costas para retirar uma quantidade do líquido, demanda anestesia local e é indicado somente em casos muito específicos, como na necessidade de testes do tipo para o Alzheimer.

Como é feito o diagnóstico de Alzheimer?

 

O Alzheimer é a forma mais comum de demência – nome dado ao conjunto de causas que podem causar a perda neurocognitiva, com sintomas como problemas na memória, na capacidade de realizar atividades da vida diária, na linguagem, entre outros.

Atualmente, o diagnóstico é feito principalmente pela análise clínica do médico, levando em consideração a exclusão de outras doenças por meio de exames, avaliações neuropsicológicas, observação do paciente, e outros fatores.

 

 

Porém, quando os médicos precisam de uma resposta mais precisa, especialmente se forem pacientes que ainda não demonstram muitos sintomas, podem ser solicitados testes que avaliam as proteínas beta amiloide e TAU – ainda que eles sozinhos não sejam suficientes para dizer que alguém tem Alzheimer.

“O diagnóstico clínico em um paciente com comprometimento cognitivo leve é extremamente desafiador, por isso há necessidade de testes diagnósticos mais precisos, como o nosso. Estamos trazendo para o mercado os testes IVD, em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), que aumentam a precisão do diagnóstico e a confiança do médico”, explica Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica no Brasil, em comunicado.

Essa possibilidade de diagnóstico precoce pode ajudar no manejo da doença, ainda que no momento não seja tão eficiente em alterar o rumo do Alzheimer. Isso porque não há medicamentos que de fato atuem para prevenir o declínio cognitivo aprovados no Brasil, e aqueles que receberam o aval nos Estados Unidos são limitados e considerados controversos pela comunidade científica.

Ainda assim, o neurologista do Núcleo de Excelência em Memória (Nemo) do Einstein, Ivan Okamoto, acredita que, à medida que cada vez mais se estuda e se aprova medicamentos para o tratamento de casos iniciais da doença, é importante ter a disposição exames que consigam traçar esse diagnóstico precoce em primeiro lugar.

 

Além disso, para a ciência, essa capacidade de identificar casos leves de Alzheimer é necessária para ter mais pessoas aptas a participarem de estudos com fármacos desenvolvidos para impedir o progresso da doença.

“Os biomarcadores serão fundamentais no contexto da medicina personalizada para identificar e selecionar qual paciente poderá se beneficiar do medicamento e em qual momento. Sairemos de uma classificação clínica, baseada em sintomas, para uma classificação biológica, que verifica, a partir de testes, se o paciente tem a condição e em qual estágio está, para poder intervir com o tratamento adequado”, esclarece Gustavo Bruniera Peres Fernandes, patologista clínico e coordenador de Serviço de Líquor do Hospital Israelita Albert Einstein.

Fonte: O Globo

Comments are closed.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy