Enxaqueca causa impactos para saúde, além da perda de produtividade diária

Dor de cabeça, sensibilidade à luz, cheiros ou barulhos, náuseas e vômitos, incômodo visual, formigamento e tonturas. Esses são apenas alguns dos sintomas vivenciados por quem sofre de enxaqueca, uma doença neurológica, genética e crônica.

Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a enxaqueca como a segunda maior causa de incapacidade em todo o mundo, e a primeira nos países da Europa ocidental e Austrália.

A enxaqueca é definida por uma dor de cabeça latejante, em um ou nos dois lados da cabeça. Na cefaleia em salvas, a dor forte é pulsátil em apenas um lado da cabeça, podendo afetar a parte frontal do crânio, face e fundo dos olhos, aumentando ainda mais a sensação de mal-estar.

A enxaqueca pode ser classificada de maneiras distintas. Basicamente, é possível separar a enxaqueca com aura e sem aura, segundo especialistas.

A forma com aura acomete aproximadamente 20% das pessoas. Elas têm dificuldade para enxergar, como o apagamento de um campo de visão, a presença de pontos brilhantes ou dificuldade para focar uma imagem.

Outros sintomas são formigamentos nos braços que sobem até a face ou dificuldade da fala. O tratamento desse tipo de enxaqueca requer uma equipe multidisciplinar, que pode incluir profissionais da psiquiatria.

Tipos de dores de cabeça

O médico neurologista Gabriel Kubota, coordenador do Centro de Dor do Hospital das Clínicas e membro do grupo de cefaleias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que as dores de cabeça podem ser divididas em dois grandes grupos: primária e secundária.

“As dores de cabeça secundárias são consequência, sintoma de uma outra doença ou condição. Por exemplo: jejum prolongado, consumo de álcool, cárie dentária, sinusite, problemas oftalmológicos ou doenças mais graves como tumores, trombose venosa, aneurisma e outras situações”, afirma Kubota, em comunicado.

A dor de cabeça primária pode ser classificada como cefaleia, tipo tensão, e migrânea – dor latejante em um lado da cabeça. As dores de cabeça primárias, em conjunto, correspondem à segunda condição médica mais prevalente na população mundial, gerando um impacto significativo.

Somente a enxaqueca acomete mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo de 20% a 30% mulheres e 6% a 15% de todos os homens. Os gastos podem ser diretos, no uso de recursos de saúde, ou de forma indireta por faltas ao trabalho.

Segundo Kubota, estima-se que o Brasil, a cada ano, perca por volta de R$ 67 bilhões em gastos, devido à perda de produtividade relacionada à enxaqueca. A melhor maneira de lidar com o problema é procurar um médico, que poderá direcionar a melhor forma de tratamento de acordo com a avaliação individual do paciente.

A doença atinge de duas a três mulheres para cada homem, iniciando-se por volta dos 20 a 30 anos de idade, podendo ser a genética um dos fatores de sua causa.

“Os filhos de pessoas que têm enxaqueca têm duas vezes mais chances de também apresentar a doença. Mas vale a pena ressaltar que a genética pode aumentar ou diminuir o risco, mas ela não é absoluta. Ter alguém com enxaqueca na família não quer dizer que você também vá ter e o fato de ninguém na família ter não quer dizer que você não vá ter”, aponta o especialista.

Exames físicos e o contexto de vida de cada paciente permitem diferenciar os tipos de dor de cabeça. Pessoas que apresentam a forma migrânea, por exemplo, podem ter o problema desencadeado por cheiros fortes. Os sintomas são bem característicos: a dor é de moderada a forte intensidade, com aspecto pulsátil, atingindo mais um lado da cabeça.

O problema pode causar náuseas e vômitos, além de intolerância à luz e sons. O período pré-menstrual é outro fator que desencadeia a dor, que pode durar de quatro a 72 horas. Já quem vive com enxaqueca crônica pode apresentar crises de mais de 15 dias por mês por pelo menos três meses.

O tratamento para a dor de cabeça secundária, aquela que é consequência de alguma doença, irá melhorar com o tratamento do problema. Por exemplo, uma pessoa com sinusite, trombose, dor de dente irá melhorar com a solução do transtorno. Já a cefaleia primária, também conhecida como enxaqueca, não tem cura e conta com um tratamento diferenciado.

(Com informações de Simone Lemos, do Jornal da USP)

Fonte: Lucas Rocha, CNN

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