Estudo dos EUA aponta relação entre racismo e problemas de saúde

Por meio de uma complexa rede de dados, uma pesquisa norte-americana testou a hipótese de que o racismo estrutural tem relação, em nível comunitário, com estruturas intimamente associadas à saúde precária. Os resultados foram publicados na última quinta-feira (21) na JAMA Network Open.

O estudo observacional foi feito nos Estados Unidos, no condado de Durham, na Carolina do Norte. Foram usados dados de estimativas agregadas de prevalência de condições crônicas para cada um dos 150 bairros residenciais usando o Durham Neighborhood Compass, que é um ativo de dados criado por autoridades de saúde pública.

A pesquisa analisou como a prevalência de doença renal crônica (DRC), diabetes e hipertensão em determinado bairro está associada a uma carga maior de indicadores de racismo estrutural. “Foi importante analisar essas três condições porque elas estão interconectadas e são altamente associadas a doenças cardíacas, bem como à qualidade e à duração da vida”, explicou em comunicado Dinushika Mohottige, integrante do Instituto de Pesquisa de Equidade em Saúde do Icahn Monte Sinai (EUA).

A especialista ressaltou que pessoas negras compartilham uma carga desproporcional das três doenças, conforme os dados levantados. “Esse estudo preenche uma importante lacuna de evidências e nos ajuda a identificar fatores que podem ser direcionados para tratar das desigualdades de saúde da comunidade.”

O racismo estrutural é definido pelo modo como as sociedades promovem a discriminação por meio de sistemas como moradia, educação e desemprego. “Esses sistemas se transformam em crenças, valores e distribuição de recursos discriminatórios”, disse L. Ebony Boulware, reitora da Faculdade de Medicina da Universidade Wake Forest, também dos EUA. Inclusive, são fatores como esses que podem se tornar alvos para intervir nos problemas encontrados.

Foi descoberto que os bairros residenciais com a maior prevalência de DRC, diabetes e hipertensão tendem a estar em áreas com as menores proporções de residentes brancos, e vice-versa. Além disso, os bairros com maior prevalência dessas doenças coincidem com locais de menor renda e menores taxas de educação universitária.

Também foi apontado que uma grande quantidade de indicadores mais discretos de racismo estrutural foi associada a uma maior prevalência das três doenças em uma vizinhança. Alguns exemplos desses indicadores são taxas de despejo, participação eleitoral, renda, pobreza, crimes violentos reportados e tiroteios com a polícia.

“Os dados que medem os resultados de saúde, como doença renal e diabetes, e que também medem os determinantes sociais da saúde, incluindo informações sobre ambientes construídos e a violência relatada na vizinhança, nos ajudam a entender como as condições em que as pessoas vivem afetam seu bem-estar”, declarou Boulware.

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