Jejum intermitente: eficácia da dieta para emagrecer é contestada em novo estudo; entenda

RIO — Pregado por muitos como uma solução rápida para a perda de peso, o jejum intermitente não é mais eficaz que a restrição do consumo de calorias para emagrecer. A conclusão é de um estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica New England Journal of Medicine por pesquisadores do departamento de endocrinologia e metabolismo da Universidade Médica do Sul, na China.

Os responsáveis pelo trabalho acompanharam 139 pessoas obesas durante o período de um ano. Os participantes foram divididos em dois grupos, em que ambos adotaram uma dieta com restrição calórica. Porém, metade podia comer apenas no período das 8h às 16h – permanecendo 16 horas sem se alimentar – enquanto os demais não passaram por limitações de horário.

Em relação à carga calórica, as mulheres podiam consumir apenas entre 1.200 e 1.500 calorias por dia, e para os homens era permitido um valor entre 1.500 e 1.800 calorias. No fim do período de 12 meses, o grupo que passou pelo jejum intermitente perdeu em média 8 kg, e o que se alimentou sem restrição de tempo perdeu 6,3 kg.

A diferença de 1,7 kg entre a redução do peso nos dois grupos foi considerada “não significativa” pelos pesquisadores devido ao longo tempo do estudo. Além disso, as análises das circunferências da cintura, IMC, gordura corporal, massa magra corporal, pressão arterial e fatores de risco metabólicos foram “consistentes com os resultados do desfecho primário” (perda de peso), escreveram os cientistas, ou seja, também parecidas entre os participantes.

Os responsáveis pelo trabalho concluíram que “um regime de alimentação com restrição de tempo não foi mais benéfico em relação à redução do peso corporal, gordura corporal ou fatores de risco metabólicos do que a restrição calórica diária”. E o estudo não é o primeiro a relativizar os supostos benefícios da dieta de jejum intermitente, muito utilizada por atores e atrizes que precisam emagrecer de forma rápida para assumir papéis em filmes, séries, novelas e peças de teatro.

Publicado na revista científica JAMA Internal Medicine, em 2020, um trabalho de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, dividiu 116 participantes em dois grupos: um que realizava três refeições diárias e outro que se alimentava sem restrições calóricas, mas apenas de 12h a 20h, ou seja, permanecia sem comer por 16 horas.

As conclusões da pesquisa, que durou cerca de três meses, foram que houve uma diferença de apenas 0,26 kg na redução de peso entre os dois grupos, considerada também “não significativa”. “A alimentação com restrição de tempo, na ausência de outras intervenções, não é mais eficaz na perda de peso do que comer ao longo do dia”, escreveram os cientistas.

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