Pesquisa aponta que veneno de aranha pode ser usado contra células de câncer
Uma pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan e da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein identificou uma molécula com potencial para tratar o câncer. Tal molécula é extraída do veneno da aranha caranguejeira Vitalius wacketi — aracnídeo atualmente encontrado no litoral do estado de São Paulo.
Sintetizada em laboratório no Butantan e purificada pelo Einstein (removendo eventuais contaminantes), a substância foi capaz de eliminar células de leucemia em testes in vitro. O composto conseguiu remover, ainda, células leucêmicas resistentes a quimioterápicos.
Segundo os cientistas, um dos grandes diferenciais é que o composto conseguiu matar as células tumorais por apoptose (morte programada), e não por necrose. Isso significa que a célula se autodestrói de forma controlada, sem causar uma reação inflamatória, diferente do mecanismo de grande parte dos medicamentos quimioterápicos disponíveis.
A descoberta é fruto de mais de 20 anos de estudos. Os cientistas informaram que o próximo passo é fazer testes em células de câncer de pulmão e de ossos. Posteriormente, a tecnologia será estudada em células humanas saudáveis para confirmar se não há toxicidade, isto é, se a molécula é seletiva e danifica somente as células cancerosas.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o câncer é a segunda maior causa de morte no mundo, sendo responsável por cerca de 9,6 milhões de óbitos anualmente. Estimativas recentes apontam que os casos de câncer terão um aumento de 77% até 2050, resultando em 35 milhões de novas ocorrências.
Fonte: SBT News