Por que o rim transplantado demora a funcionar? Entenda o caso de Faustão

O apresentador Fausto Silva, o Faustão, segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, após realizar um transplante de rim. De acordo com nota divulgada por sua equipe na quinta-feira (14), o novo rim do artista ainda não está funcionando e o apresentador precisou passar por um processo de embolização para “resolver questões linfáticas” que poderiam ser responsáveis por esse atraso.

De acordo com Elias David Neto, nefrologista do Hospital Sírio-Libanês, um rim transplantado que veio de um doador falecido — como é o caso do transplante que Faustão foi submetido — leva, na maioria dos casos, uma média de 7 a 10 dias para começar a funcionar.

“Quando há um transplante de coração prévio, existem outros fatores que podem fazer o rim demorar mais para funcionar e cada caso precisa ser avaliado. No Brasil, 50% a 60% dos rins levam esse tempo médio para voltar a funcionar normalmente”, afirma David Neto.

Vale lembrar que, em agosto de 2023, Faustão também passou por um transplante de coração. Naquela época, o apresentador enfrentava um quadro de insuficiência cardíaca. O coordenador do Centro Especializado em Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Américo Cuvello Neto, comentou em entrevista anterior à CNN que tanto o transplante de coração, quanto o quadro de insuficiência cardíaca, poderia levar a danos na função renal.

Por que o rim de um doador falecido pode demorar para funcionar?

Antes de um órgão ser doado, ele é conservado em uma caixa térmica para manter a temperatura adequada, com a adição de conservantes, até ser transplantado para o doador.

De acordo com Luiza Ferrari, nefrologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, esse período “fora do corpo” é denominado “isquemia fria” e colabora para a demora do funcionamento do órgão transplantado, principalmente quando o doador é falecido.

“A demora para o funcionamento decorre do tempo de isquemia fria. O órgão doado sofre alteração de perfusão, temperatura, pressão e o atraso é mais comum no doador falecido pois, geralmente, esse doador estava em outro hospital e leva um tempo até o órgão ser transportado para o hospital do receptor”, explica.

Enquanto o novo rim não funciona, o paciente transplantado deve seguir em internação e realizando diálise até que o órgão doado funcione adequadamente. Além disso, são constantemente realizados exames laboratoriais e a medição diária do peso corporal e da quantidade de urina eliminada (diurese), segundo Ferrari.

Para receber alta, além do funcionamento adequado do rim transplantado, o paciente precisa apresentar queda do valor da creatinina em exames laboratoriais e ultrassom do novo órgão dentro da normalidade. “Isso pode levar, em média, de 5 a 7 dias [depois que o novo rim passa a funcionar adequadamente]”, afirma a especialista.

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