Preta Gil: quimioterapia antes da cirurgia reduz retorno do câncer de intestino, mostra estudo; entenda o tratamento

Após ter sido diagnosticada com um adenocarcinoma no intestino, um tipo de câncer maligno, a cantora Preta Gil compartilhou em suas redes sociais, nesta segunda-feira, detalhes sobre as primeiras sessões de quimioterapia. Embora o tratamento padrão envolva a cirurgia como intervenção inicial para retirar a parte afetada pelo tumor, em alguns casos a quimio é orientada como um adjuvante para reduzir o retorno da doença.

— Essa semana, eu comecei o meu tratamento, fiz quimioterapia durante três dias. Momentos difíceis, mas muito reveladores. Eu não sei por que, na minha cabeça, eu coloquei que iria começar a ter efeitos colaterais mais para frente, mas é quase que de imediato. Quando ela começa a entrar e curar você, ela começa a agir e tem os efeitos colaterais, que são completamente controláveis pelos medicamentos e pelos médicos — contou a artista em vídeo publicado no Instagram.

Um novo estudo, publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology, mostra que de fato a estratégia de dar início ao tratamento com sessões de quimioterapia nos casos de tumores operáveis reduz o risco de retorno da doença. Essa diminuição chega a ser de 28% no período de até dois anos. O achado é inédito, uma vez que a terapia como adjuvante, quando recomendada, é para o período após a cirurgia.

— O tratamento padrão hoje é operar e depois, dependendo do que a biópsia mostrar, indicar uma quimioterapia adjuvante, para tentar destruir eventuais células cancerígenas que tenham caído na corrente sanguínea. Esse estudo encontrou resultados interessantes, como a maior regressão dos tumores com as sessões antes da operação. É algo novo, mas é inicial, ainda não altera os padrões mundiais no tratamento hoje — explica a oncologista Renata D’Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas.

No entanto, a médica, que também é especialista em tumores gastrointestinais do Centro Paulista de Oncologia, em São Paulo, explica que o procedimento já é feito quando o tumor é localizado na porção final do intestino, o reto, como é o caso de Preta Gil. Isso porque dá-se o nome de câncer de intestino, ou colorretal, tanto àqueles tumores que se iniciam no cólon como os que começam no reto.

O trabalho que mostrou os novos benefícios na quimio anterior à cirurgia envolveu 1.053 pacientes em estágio inicial de câncer de intestino em 85 hospitais no Reino Unido, Dinamarca e na Suécia. Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos e compararam duas intervenções diferentes. Na primeira, a quimio foi realizada durante 6 semanas pré-operação e 18 semanas após o procedimento. Na outra, foi feita apenas durante 25 semanas depois da cirurgia.

Além do benefício em prevenir o retorno, o primeiro grupo teve uma melhor ressecção do tumor e não apresentou maior mortalidade. “Este regime quimioterápico, quando administrado no pré-operatório, produz retardo histopatológico acentuado, menos ressecções incompletas e melhor controle da doença em 2 anos”, escreveram os pesquisadores, parte de uma equipe internacional para investigar o tratamento no estudo.

“Até 1 em cada 3 pacientes com câncer de cólon pode ver o câncer voltar após a cirurgia. Esse número é muito alto e precisamos de novas estratégias de tratamento para impedir que o câncer de cólon volte”, explica a professora da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e autora do estudo, Laura Magill, em comunicado.

 

 

“A abordagem padrão tem sido administrar quimioterapia após a cirurgia para erradicar quaisquer células cancerígenas que possam ter se espalhado antes da cirurgia. Mas nossa pesquisa mostra que dar um pouco dessa quimioterapia antes da cirurgia aumenta as chances de que todas as células cancerígenas sejam mortas”, acrescenta.

O câncer de intestino tem despertado cada vez mais a atenção de especialistas. De acordo com números mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são cerca de 45 mil casos e 20 mil óbitos ao ano, de forma proporcional entre homens e mulheres. O diagnóstico está entre os três tipos de tumor mais frequentes no Brasil.

Segundo o instituto, trata-se de “uma doença tratável e frequentemente curável”. No entanto, alerta para o aumento de casos, especialmente entre jovens. Isso porque, além de histórico familiar, alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do problema são a obesidade, a alimentação não saudável, o consumo de ultraprocessados, ingestão excessiva de carnes vermelhas, tabagismo e bebidas alcoólicas.

Fonte: O Globo

Foto: Reprodução/ Instagram

Comments are closed.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy