Última onda de Covid-19 na China não gerou novas variantes, diz estudo

Entre novembro e dezembro de 2022, a China viu subir novamente o número de casos de Covid-19. E, ao contrário das últimas ondas em diferentes lugares do mundo, essa não foi causada por uma nova cepa do coronavírus Sars-CoV-2.

Um estudo publicado no The Lancet nesta quarta-feira (8) revela que duas subvariantes da ômicron já existentes, BA.5.2 e BF.7, foram responsáveis por mais de 90% das infecções locais entre 14 de novembro e 20 de dezembro do ano passado.

Segundo o autor principal do estudo, George Gao, professor do Instituto de Microbiologia da Academia Chinesa de Ciências, ainda é importante investigar novas cepas que surgirem. Principalmente após as recentes mudanças nas políticas de prevenção e controle da Covid-19 na China, que terminaram em 7 de dezembro de 2022. “No entanto, com a circulação em larga escala da Covid-19 na China, é importante que continuemos monitorando a situação de perto para que quaisquer novas variantes que possam surgir sejam encontradas o mais cedo possível”, diz Gao, em comunicado.

De um total de 2.881 amostras incluídas no estudo, 413 foram selecionadas aleatoriamente e sequenciadas entre 14 de novembro – quando as infecções começaram a aumentar acentuadamente – e 20 de dezembro de 2022. Dessas, 350 eram casos locais e 63 importados. Os casos importados vieram de 63 países e regiões.

A conclusão foi que, durante o novo surto, nenhuma nova variante apareceu na China. A subvariante da ômicron BA5.2 foi responsável por 16,3% dos casos locais, ao passo que BF.7 representou 75,7% das infecções locais. Os casos importados durante o mesmo período envolveram principalmente variantes diferentes daquelas dominantes em Pequim, capital do país.

Os casos da variante BA 5.2 aumentaram após 14 de novembro de 2022 e não mudaram substancialmente até o dia 25 do mesmo mês. Já os casos da cepa da BF.7 aumentaram gradualmente a partir do dia 14.

Por mais que o estudo apresente um retrato da saúde da China, os autores reconhecem que existem limitações. Entre elas, o fato de só ter incluído dados de Pequim, e não de todo o território chinês. Além disso, o número de pessoas doentes pode ser maior do que o analisado, pois o total de casos de Covid-19 confirmados em dezembro não estava disponível.

Mais amostragens são necessárias para estudar a transmissibilidade e patogenicidade das subvariantes da ômicron, segundo os pesquisadores. A taxa evolutiva do vírus foi considerada constante durante o estágio inicial do surto, embora seja possível que isso varie dependendo da variante.

Em um comentário sobre o estudo, Wolfgang Preiser e Tongai Maponga, da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, que não estiveram envolvidos na pesquisa, disseram: “É bem-vindo ver esses dados tão necessários da China. É certamente reconfortante que esse estudo não tenha produzido evidências de novas variantes, mas não é uma surpresa: o aumento é amplamente explicado pela interrupção abrupta de medidas de controle eficazes”.

No entanto, eles pedem cautela ao tirar conclusões base em dados de Pequim. “O perfil epidemiológico molecular do Sars-CoV-2 em uma região de um país vasto e densamente povoado não pode ser extrapolado para todo o país. Em outras regiões da China, outras dinâmicas evolutivas podem se desenrolar, possivelmente incluindo espécies animais que podem ser infectadas por seres humanos e ‘transmitir’ um vírus ainda mais evoluído.”

Fonte: Revista Galileu

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