1 a cada 5 pacientes com problemas cardíacos usa remédios psiquiátricos

Pesquisadores na Dinamarca avaliaram mais de 12,9 mil pacientes hospitalizados com problemas cardíacos e estimaram que 18% deles usam medicamentos psiquiátricos. Os remédios foram associados a um risco quase dobrado de morte prematura, segundo estudo publicado em 23 de novembro de 2021 no European Journal of Cardiovascular Nursing.

A pesquisa feita com dados do estudo dinamarquês DenHeart considerou indivíduos com doença cardíaca isquêmica, arritmias, insuficiência cardíaca ou doença cardíaca valvular. Eles preencheram um questionário na alta hospitalar e foram considerados com sintomas de ansiedade se pontuassem oito ou mais na Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS-A).

Seguindo dados de registros nacionais, os pacientes eram definidos como usuários de psicofármacos se tivessem obtido ao menos uma prescrição durante os seis meses anteriores à internação. Entre as drogas incluídas estavam antidepressivos, antipsicóticos, benzodiazepínicos e medicamentos semelhantes.

Uma porcentagem de 18% dos participantes obteve ao menos uma prescrição psiquiátrica seis meses antes da hospitalização. Os remédios mais usados eram benzodiazepínicos (68%) e antidepressivos (55%), sendo que o uso geral de medicamentos era maior entre mulheres, pacientes mais velhos, fumantes, viúvos, pessoas com menor escolaridade e com mais problemas de saúde coexistentes.

Quase um terço dos pacientes cardíacos foram diagnosticados com ansiedade — e o uso de remédios psicotrópicos era duas vezes maior nesse grupo, em comparação a quem não tinha o transtorno.

Um ano após a alta hospitalar, 3% dos pacientes morreram. A taxa de mortalidade foi maior entre aqueles que tomavam remédios psiquiátricos (6%). Quem teve uma prescrição psicotrópica seis meses antes de ser internado teve 1,9 vezes mais chance de morrer por qualquer causa. Já a ansiedade foi associada a uma chance 1,81 vezes maior no mesmo período.

Quando os pesquisadores ajustaram os parâmetros, considerando o uso de remédios psiquiátricos anterior à internação e um quadro de ansiedade já presente, a utilização das drogas foi associada a um risco 1,73 vezes maior de morte. Já a ansiedade, a um risco 1,67 vezes maior.

Ou seja, as relações pareceram ser menos fortes. “O enfraquecimento das relações sugere que a ligação entre medicamentos psicotrópicos e morte é influenciada pela presença da ansiedade. E, da mesma forma, que a conexão entre ansiedade e morte é influenciada pelo uso dos medicamentos”, explica Pernille Fevejle Cromhout, líder do estudo, em comunicado.

O autor defende que os cardiopatas sejam constantemente avaliados quanto a transtornos mentais e lembra que esses quadros por si só podem contribuir para um aumento do risco de morte. “Mais pesquisas são necessárias para avaliar se a maior mortalidade se deve ao uso de medicamentos psicotrópicos ou à doença mental subjacente”, acrescenta.

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