Bactérias criadas por cientistas identificam tumores e alertam sistema imune

Pesquisadores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, criaram uma espécie de “esquadrão suicida bacteriano” que ataca tumores atraindo células imunológicas para destruírem o câncer. O feito foi relatado no último dia 8 de março na revista Science Advances.

Os cientistas sabem há anos que algumas espécies de bactérias podem prosperar dentro dos tumores. A cepa de bactéria E. coli, por exemplo, têm um “circuito de lise” acionado quando atinge um tumor, fazendo com que a maioria desses microrganismos lise ou se quebre, liberando seu conteúdo.

Segundo Nicholas Arpaia, autor sênior do estudo, especulou-se que algumas bactérias podiam atingir tumores devido ao baixo pH, ambiente imune excluído e necrótico que é exclusivo do núcleo desses tecidos. O tumor, de acordo com ele, “suporta o crescimento bacteriano, evitando a eliminação de bactérias pelas células imunes”.

No novo trabalho, a equipe incluiu bactérias com uma versão mutante de um gene de quimiocina humana, uma proteína de sinalização do sistema imune que atrai células T “assassinas”.

Em seguida, os pesquisadores adicionaram uma segunda cepa bacteriana expressando outra quimiocina, desta vez para atrair células dendríticas. “Ao combinar isso com quimiocinas que conduzem a infiltração e ativação de células dendríticas, um tipo crítico de célula imune inata, a detecção de antígenos tumorais é aumentada”, explica Arpaia, em comunicado.

Conforme os pesquisadores, as células dendríticas ativadas “comem” as células tumorais e, em seguida, apresentam-nas às células T, que podem responder de maneira mais confiável.

A ideia de utilizar o método para fornecer quimiocinas foi de Thomas Savage, aluno de pós-graduação de Arpaia. O estudo envolveu ainda colaboradores do Herbert Irving Comprehensive Cancer Center (HICCC), em Nova York, e do Data Science Institute em Colúmbia.

Em camundongos, as bactérias modificadas induziram respostas imunes robustas contra tumores injetados diretamente com a bactéria, bem como tumores naturais não injetados. Entregar as bactérias por via intravenosa também funcionou, segundo os especialistas.

De acordo com Arpaia, os microrganismos criados por sua equipe só colonizam o ambiente do tumor, não sendo detectados em outros órgãos saudáveis. Os cientistas, que esperam levar os resultados a testes clínicos, já solicitaram uma patente da abordagem e planejam desenvolvê-la na empresa GenCirq, Inc.

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