Consumo de cafeína durante a gravidez pode afetar o crescimento dos filhos, diz estudo

O consumo de café na gestação é um tema controverso. As diretrizes atuais recomendam o consumo de, no máximo, 200 mg de cafeína por dia durante a gravidez. A quantidade da substância varia de acordo com a preparação. Por exemplo, uma xícara de 230 ml de café coado pode conter de 95 a 165 miligramas de cafeína. Já o café instantâneo, tem 63 mg de cafeína e o expresso, de 47 a 64 mg. Entretanto, outras bebidas e alimentos como chá, refrigerante, energético e até mesmo chocolate também contém cafeína.

No entanto, novas evidências sugerem que uma pequena quantidade de cafeína, mesmo dentro dos limites recomendados, pode afetar negativamente a altura da criança. De acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica JAMA Network Open, filhos de mulheres com baixa ingestão de cafeína durante a gravidez eram ligeiramente mais baixos do que seus pares nascidos de mulheres que não consumiram a substância. As diferenças de altura aumentaram entre as idades de 4 e 8 anos.

Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NICHD) de Maryland acompanharam crianças nascidas entre 2009 e 2013, até completarem oito anos de idade. Os participantes foram divididos em quatro grupos, de acordo com a quantidade de cafeína consumida pela mãe durante a gestação.

 

Amostras de plasma foram coletadas de cada gestante durante o primeiro trimestre para determinar o consumo. Em média, as mulheres grávidas do estudo consumiram menos de 50 mg/dia de cafeína. Inclusive, esse é um dos grandes diferenciais desse estudo, pois os dados não se basearam apenas no relato do participante.

Depois de acompanhar as crianças por mais de oito anos, os pesquisadores descobriram uma clara correlação entre o consumo de cafeína e a altura. A diferença de estatura entre crianças cujas mães haviam consumido cafeína durante a gestação e as que não, se tornou aparente a partir dos 20 meses de idade e só aumentou à medida que os anos se passaram.

 

Aos sete anos, a diferença de altura entre aqueles que consumiam menos cafeína e os que mais bebiam era de, em média, 1,5 cm. Aos oito anos, havia uma diferença de 2,3 cm.

“Nossas descobertas sugerem que mesmo a baixa ingestão de cafeína durante a gravidez pode ter efeitos a longo prazo no crescimento infantil. É importante ressaltar que as diferenças de altura que observamos são pequenas – menos de uma polegada – e mais pesquisas são necessárias para determinar se essas diferenças têm algum efeito na saúde infantil. As pessoas grávidas devem discutir o consumo de cafeína com seus profissionais de saúde”, disse Katherine Grantz, líder do estudo e pesquisadora da Divisão de Pesquisa em Saúde da População do NICHD.

 

A associação permaneceu mesmo após serem considerados fatores que também podem influenciar a altura de uma criança no início da vida, como raça, educação e idade materna, tabagismo e renda. Nenhuma correlação semelhante foi encontrada quando se trata do índice de massa corporal, sinalizando que a exposição à cafeína no útero não afeta o peso durante a vida.

Acredita-se que a cafeína contrai os vasos sanguíneos no útero e na placenta, o que pode reduzir o suprimento de sangue para o feto e retardar o crescimento.

Fonte: O Globo

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