Dispositivo que pode facilitar diagnóstico de doenças como Alzheimer e Parkinson é criado por cientistas brasileiros

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), desenvolveram um nanodispositivo com alta sensibilidade para detecção de dopamina, neurotransmissor relacionado com doenças neurodegenerativas e que pode facilitar o diagnóstico de patologias como Alzheimer e Parkinson.

A ideia é que a plataforma criada no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), um sensor com diâmetro três vezes menor que um fio de cabelo, abra caminho para o desenvolvimento de testes rápidos, a partir de uma única gota de sangue, que possam contribuir tanto para a confirmação dessas doenças, mas que sirva de base para outros diagnósticos, como de alguns tipos de câncer.

“Quando a gente olha para o Covid, por exemplo, o ideal seria ter o diagnóstico mais rápido possível, para socorrer o paciente, fazer o isolamento. Mas a detecção depende de uma concentração mínima do vírus. Para identificar o quando antes, passaria pela capacidade de identificar esses marcadores em quantidades muito pequenas. Com as doenças neurodegenerativas, o câncer, é o mesmo conceito. O desafio é puxar a sensibilidade lá para baixo”, exemplifica o pesquisador Carlos César Bof Bufon.

Supervisor do trabalho dos pesquisadores Letícia Ferro e Leandro Mercês, Bufon explica que o conceito de plataforma é justamente para que exista uma base para o desenvolvimento de novos sensores com maior rapidez, principalmente diante das necessidades e os desafios que sempre surgem.

“Se tivemos que desenvolver tudo a partir do zero, sempre, leva muito tempo. Até ser homologado, certificado, são 10 anos. Inovação tem que ser aplicável. Tentamos andar com várias plataformas e essa provou que funciona muito bem. Ela faz detecção em concentrações bem baixas e já mostrou resultados validados em laboratório”, pontua Bufon.

Desenvolvimento

 

Para chegar a estrutura que usa nanomembranas funcionais, os pesquisadores precisaram de quatro anos de desenvolvimento. Os próximos passos incluem, por exemplo, testes em ambientes mais parecidos com o real, em um trabalho que deve levar pelo menos mais dois anos.

Entretanto, o pesquisador vê a plataforma criada no CNPEM com potencial para uso. “A gente já provou que é fabricável e que inclusive tem um certo grau de repetibilidade, conseguindo usá-lo até cinco vezes”, pontua Bufon.

Outro ponto positivo é que a construção dessas estruturas levam metais, óxidos e moléculas orgânicas relativamente simples, comuns na fabricação desses dispositivos.

Segundo o pesquisador, projetar uma plataforma que utilizasse insumos com dificuldades de importação ou biocomponentes estratégicos de algumas áreas, poderia impedir a continuidade do projeto ou causar dependência como ocorre, por exemplo, com o chamado IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) das vacinas contra Covid-19.

“Como nos queremos chegar ao final da cadeia, que passe de um projeto e dê o próximo passo, pensamos em ultrapassar algumas barreiras. Avaliar os insumos que seriam utilizados minimiza esse risco”, defende o pesquisador.

O CNPEM já solicitou patente da plataforma, cujo trabalho que apresenta a concepção e aplicação dos transitores foi publicado na revista científica “Advanced Materials”.

Fonte: G1

 

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