Estudo destaca novas pistas sobre a ligação entre câncer de ovário e ovulação

As mulheres que ovulam por mais tempo ao longo da vida têm um risco maior de desenvolver câncer de ovário. O que sugere que a supressão da ovulação pode diminuir esse risco.

Um novo estudo internacional oferece novas pistas sobre como os contraceptivos orais, a gravidez e a amamentação afetam o risco de câncer de ovário, além da simples supressão a ovulação, e como essa associação pode variar entre os diferentes subtipos de câncer de ovário.

Os achados foram publicados esta semana no Journal of the National Cancer Institute.

“O câncer de ovário é um grupo altamente fatal de doenças com opções limitadas de tratamento, portanto, entender suas origens e os fatores que contribuem para o desenvolvimento são etapas críticas para elaborar abordagens de prevenção e melhorar a saúde das mulheres”, disse a autora sênior do estudo Francesmary Modugno.

“Estudos como este, em que pesquisadores de todo o mundo se reúnem e compartilham seus dados, são fundamentais para atingir esses objetivos”, completa a professora de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas no Magee-Womens Research Institute e UPMC Hillman Cancer Center, nos Estados Unidos.

Destaques do estudo

A análise de 21.267 mulheres com câncer de ovário e 26.204 pessoas saudáveis de controle de 25 estudos mostrou que os fatores que reduzem a duração da ovulação – ou seja, contraceptivos orais, gravidez e amamentação – foram associados à redução do risco de câncer e esse efeito protetor foi mais forte do que o esperado com base na supressão da ovulação de maneira isolada.

A descoberta sugere que esses fatores contribuem para o risco de câncer de outras maneiras, como por meio da alteração de hormônios ou inflamação.

Os pesquisadores também identificaram distinções importantes entre os diferentes subtipos de câncer de ovário. Por exemplo, tumores mucinosos, um tipo raro de câncer de ovário, foram associados a fatores que suprimem a ovulação, mas não à própria duração da ovulação, outro indício de que contraceptivos orais, gravidez e amamentação afetam o risco de câncer além da supressão da ovulação.

Em contraste, para o câncer de ovário seroso de alto grau, o subtipo mais comum e mortal, a associação de anticoncepcionais orais, gravidez e amamentação foram os esperados, indicando que esses fatores contribuem para o risco de câncer de ovário seroso por meio da supressão da ovulação.

“Essas descobertas enfatizam que os subtipos de câncer de ovário são doenças diferentes com causas diferentes”, disse Francesmary. “Isso é importante, pois esperançosamente encorajará os cientistas a procurar novas hipóteses sobre como essas doenças surgem e lançar uma nova luz sobre como podemos evitá-las. No momento, as opções de tratamento são limitadas, portanto, prevenir o câncer de ovário é a melhor esperança que temos para salvar vidas”.

Riscos do câncer de ovário

O câncer de ovário é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas específicos em seus estágios iniciais. Devido à ausência de um método eficaz de rastreamento em mulheres assintomáticas, 8 em cada 10 casos são diagnosticados em fase avançada, quando o câncer já se disseminou do ovário para outros órgãos da região pélvica e abdominal, o que reduz as chances de recuperação.

Os sintomas do câncer de ovário surgem quando a doença já está em fase avançada. Além disso, por não serem específicos, podem ser confundidos com outras condições clínicas.

Por isso, os médicos recomendam procurar um ginecologista imediatamente se notarem problemas como dor e aumento do volume abdominal, urgência urinária (causada pela compressão da bexiga), perda de peso, sangramento anormal, dificuldade para evacuar e alterações digestivas.

Em cerca de 80% dos casos, o surgimento do câncer de ovário é influenciado diretamente pelos hormônios. A maior incidência está entre as mulheres acima de 60 anos. Além da idade, os principais fatores de risco incluem infertilidade, início precoce da menstruação, menopausa tardia, nunca ter tido filhos (nuliparidade), obesidade e tabagismo.

Fatores genéticos também contribuem para o aumento na probabilidade de desenvolvimento da doença. Mutações de origem hereditária, em especial dos genes BRCA1 e BRCA2, estão ligadas principalmente ao câncer de mama e de ovário. Já a Síndrome de Lynch aumenta o risco de tumores no cólon e no reto, que podem influenciar no aparecimento do câncer de ovário.

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento. A taxa de sobrevida em casos de câncer é medida em 5 anos, ou seja, ela indica a porcentagem de pacientes que vivem pelo menos 5 anos após o diagnóstico da doença.

No caso do câncer de ovário, quando descoberto na fase inicial, a taxa de sobrevida chega a 90% das pacientes. Nos estágios mais avançados, o índice cai para menos de 50%.

Fonte: Lucas Rocha, CNN

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