Mais de 4 milhões de meninas não têm cuidados menstruais nas escolas no Brasil, diz Unicef

Neste sábado (28), é celebrado o Dia Mundial da Dignidade Menstrual, data criada para chamar atenção para ações e políticas públicas que possam garantir itens de higiene às pessoas que menstruam.

Segundo um levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com dados da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013 a 2018, mais de 4 milhões de meninas, entre 10 a 19 anos, não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas do Brasil. A população brasileira nesta faixa etária é de 15,5 milhões de adolescentes, de acordo com a pesquisa.

O documento também mostrou que 200 mil meninas não têm de condições mínimas para cuidar da menstruação no ambiente escolar e 713 mil vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em casa no Brasil.

A chamada pobreza menstrual é caracterizada pela falta de acesso a recursos, infraestrutura e até conhecimento por parte de pessoas que menstruam para cuidados envolvendo a própria menstruação.

De acordo com Unicef, 62% das que responderam às perguntas afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação, e 73% sentiram constrangimento nesses locais.

“Os dados apresentados demonstram como, no Brasil, crianças e adolescentes que menstruam têm seus direitos à escola de qualidade, moradia digna, saúde, incluindo sexual e reprodutiva violados quando seus direitos à água, ao saneamento e à higiene não são garantidos nos espaços em que convivem e passam boa parte de sua vida”, diz a Unicef.

O levantamento levou em consideração itens como saneamento, banheiro, papel higiênico, absorvente, água e coleta de lixo.

A pobreza menstrual atinge, principalmente, brasileiras em situação de vulnerabilidade em contextos urbanos e rurais, por vezes sem acesso a serviços de saneamento básico, recursos para higiene e conhecimento mínimo do corpo.

A Unicef e aponta que os problemas que podem surgir a partir da negligência da dignidade menstruão, são questões evitáveis.

“Problemas esses que seriam facilmente prevenidos com os devidos investimentos em infraestrutura e acesso aos produtos menstruais. Além disso, quando vivenciada desde a infância, a pobreza menstrual pode resultar ainda em sofrimentos emocionais que dificultam o desenvolvimento de uma mulher adulta com seus potenciais plenamente explorados”, escreveram.

Ações em prol da dignidade menstrual

Para mudar esse cenário, o Unicef, junto com seus parceiros, levaram itens de higiene para 55 mil adolescentes e jovens em comunidades vulneráveis de Belém, do Recife e de São Luís.

A ação levou 120 mil pacotes de absorventes, e cerca de 5 mil adolescentes foram engajadas e engajados na cocriação de soluções para o manejo menstrual, rodas de conversa e oficinas educativas com foco na dignidade menstrual.

Outro projeto, chamado Oficina do Sucesso, tem o objetivo de preparação e inserção no mercado de trabalho pela educação, cursos e atividades complementares. Este ano, a iniciativa vai levar informação para refletir sobre falta de educação sexual à comunidade da Maré, no Rio de Janeiro.

Segundo a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro, “é importante dar voz a essas mulheres que não têm o acesso básico. A falta de higiene adequada pode ter impactos sérios na saúde feminina, causando infecções urinárias”, disse.
Fonte: CNN Brasil

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