Vacina em spray nasal é nova arma em desenvolvimento contra o coronavírus

[São Paulo] – Se você é daqueles que têm medo de agulha e sonha com a vacina, é possível que seus anseios venham a ser atendidos. Atualmente, está sendo desenvolvida uma vacina em spray nasal. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Jorge Kalil Filho, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP e coordenador da pesquisa, explica como está sendo o processo de desenvolvimento da vacina.

O médico introduz dizendo que a proposta da pesquisa, desde o início, foi estudar melhor a resposta imune contra o coronavírus para criar uma vacina baseada nos alvos da resposta imune mais eficientes. “Tem duas formas de nós combatermos o vírus: não deixando ele entrar em uma célula, ou se ele entrou na célula e a infectou, ele pode ser morto por uma outra célula do sistema imune”, explica. Para o estudo, então, coletou-se o sangue de pessoas contaminadas com o vírus e foi possível analisar os alvos da resposta de anticorpos e também da resposta celular. Essa investigação mais profunda do antígeno é o que diferencia a nova vacina das demais.

Vacina spray nasal – Fotomontagem sobre imagem de flockine via Pixabay

A opção pelo desenvolvimento da vacina nasal se deve ao fato de que uma resposta local muito forte pode, assim, ser estimulada, diz Kalil Filho. Além disso, a vacina fortalece a mucosa nasal. Como demais vantagens, a produção é descomplicada e 100% nacional, a vacina é extremamente adaptável aos diferentes variantes, pode ser guardada até mesmo em temperatura ambiente.

Jorge Kalil Filho – Foto: Ramon Moser/UFRGS

“Nós estamos construindo, geneticamente, a composição final dessa vacina”, diz o professor Kalil Filho. A meta é de que os testes em seres humanos comece este ano e o trabalho está sendo feito para atingi-la. “Quem vence a corrida é quem chega melhor, em melhores condições de dar uma proteção mais ampla”, afirma o médico.

Na opinião do imunologista, tivemos um avanço muito grande em um ano, tratando de uma doença que ninguém conhecia. “Normalmente, esse conhecimento seria acumulado em pelo menos dez anos. Nós já temos vacina, as vacinas funcionam. Aprendemos muito sobre a doença, aprendemos a tratar, sabemos que temos que isolar as pessoas que estão doentes”, diz. A ciência brasileira segue respirando.

Fonte: Jornal da USP

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